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Ritmo pernambucano ganha palácio cultural

O som do frevo tocou cedo nesta manhã no bairro do Recife Antigo. Passistas, músicos, maestros e artistas compareceram à cerimônia de formalização de parceiros para a construção do Paço do Frevo, que funcionará no antigo prédio da Western Telegraph Company, na Praça do Arsenal de Marinha. O projeto prevê a revitalização do local que vai se transformar num espaço de celebração do ritmo pernambucano.

O prédio de quatro pavimentos e mais de 1,7 mil m; vai abrigar sala de projeção, de pesquisa e de ensaios, biblioteca, loja, bar e oficina para confecção de figurinos. O secretário de cultura do Recife, Renato L., destacou que o Paço do Frevo é uma iniciativa que vai valorizar ainda mais a cultura pernambucana. ;O projeto abre perspectiva para trabalhar a rica tradição do frevo no presente para potencializar o conhecimento passado e estruturar o futuro;, afirmou.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1998, a edificação faz parte do complexo turístico das cidades de Recife e Olinda. O prefeito do Recife, João da Costa, lembrou que o lugar vai imortalizar a principal identidade cultural da cidade. ;Será um espaço para difusão e reprodução daquilo que é vivo para o povo pernambucano;, disse. O governador do estado, Eduardo Campos, acredita que a iniciativa vai nacionalizar o frevo. ;O ritmo, que já passou por muitos momentos difíceis, vai ganhar atenção merecida da população brasileira;, comentou.

Um dos parceiros, a Fundação Roberto Marinho, destacou que o projeto vai proporcionar educação de qualidade para os pernambucanos. ;O espaço é uma oportunidade de contribuir para a recuperação de um prédio histórico e também celebrar o patrimônio do povo pernambucano, o frevo;, afirmou o presidente da fundação, José Roberto Marinho. Ele garantiu que pretende voltar mais vezes ao Recife, e destacou que foi o local onde passou um dos melhores carnavais. ;Vou trazer meus filhos e netos para conhecer o carnaval pernambucano;, comentou.

Representando os músicos do estado, o cantor e compositor Claudionor Germano, disse que o frevo saiu das ruas e entrou num palácio. ;O frevo é chique. Tem até um palácio. Mas ele vai continuar popular e frevendo;, declarou. Ele disse ainda que o local será uma ótima oportunidade para pesquisadores, estudiosos e turistas. ;Dentro deste palácio, o frevo se torna um rei que transforma a vida das pessoas;, concluiu.

A iniciativa da Prefeitura da Cidade do Recife conta com parceiros como o Governo do Estado de Pernambuco, a Fundação Roberto Marinho, BNDES, Empetur, Ministério da Cultura e Lei de Incentivo à Cultura e empresas privadas. Ao todo serão investidos R$ 8,7 milhões na construção do espaço. O início das obras está previsto para janeiro de 2010. O Paço do Frevo deve ser entregue à população em 2011.

História ; O prédio de arquitetura Neoclássica onde vai abrigar o Paço do Frevo foi construído pela empresa inglesa Great Western, em 1908. Durante mais de 60 anos, a construção que compõe o conjunto de Arquitetura Eclética foi sede da Western Telegraph Company Limited, responsável por prestar serviços de telecomunicações, através de cabos submarinos. O ponto de partida era a cidade do Recife e fazia conexão para outros estados da costa brasileira. Do litoral do Brasil seguia para a América do Sul e Europa. A empresa encerrou as atividades em 1973, com a perda do contrato de concessão e ainda motivada pela criação da Embratel e do Ministério das Comunicações.