Fábrica de cimento no Gama: dilema entre crescimento e poluição" />São Paulo ; O posicionamento contrário da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, sobre a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4%, conforme prevê estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), foi apoiado por representantes do setor elétrico. A candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às eleições presidenciais do próximo ano defende uma meta entre 5% e 6%. O novo índice defendido pela ministra pode inviabilizar a meta do MMA, segundo a qual um índice de 4% seria responsável pelas emissões de pelo menos 2,2 bilhões de toneladas de gás carbônico (CO2), mesmo número alcançado em 2005.
Questionada sobre a declaração de Dilma, Silvia Calou, coordenadora diretora executiva da Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE) e do Sindicato da Indústria da Energia no Estado de São Paulo (Siesp), defende a tese desenvolvimentista de Dilma, que já foi ministra de Minas e Energia. ;Apoiamos integralmente a postura dela. É coerente e está de acordo com nossa avaliação.;
Um outro representante do setor elétrico, que conversou com o Correio sob a condição de não ter o nome revelado, também parabenizou Dilma e disse que, apesar dos exageros do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ;ele tem sido mais sensato do que a ex-ministra Marina Silva;.
Estudo do MMA revela que o Brasil apresenta atualmente uma tendência de produzir até 2,8 gigatoneladas de CO2 em 2020. A meta ; com o crescimento da economia de até 4% ano ; é de que a emissão de carbono fosse reduzida pelo menos 40%. Agora, com a orientação de Dilma, os técnicos do ministério terão que se desdobrar para que, com aumento do PIB entre 5% e 6%, a possibilidade de redução de poluição do bioma não seja alterada de forma significativa.
[SAIBAMAIS]Apesar de ser favorável à redução em 80% da meta de desmatamento da Amazônia, Dilma solicitou um novo levantamento, considerando o PIB entre 5% e 6%. O posicionamento da candidata ao Planalto foi criticado, ontem, pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, que prefere a proposta de Minc. ;São razoáveis e têm o meu apoio. Eu acho que esse é o destino da humanidade, um desenvolvimento com sustentabilidade. Sou um homem do desenvolvimento sustentável;, observou.
Quem também decidiu entrar na polêmica foi o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), possível adversário de Dilma em 2010. ;Os juros siderais e o câmbio valorizado são muito piores para o desenvolvimento do que qualquer medida de defesa do meio ambiente;, afirmou.
Indústria limpa
Responsável por aproximadamente 4% das emissões mundiais de gás carbônico (CO2), o Brasil tem uma matriz energética considerada entre as mais limpas do planeta, com 47% de fontes renováveis. Para manter esse percentual e garantir que a temperatura da Terra eleve-se em, no máximo, 2;C até o fim do século 21, o Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, que representa 14 associações de toda a cadeia do setor ; transmissão, distribuição, comercialização, além de grandes consumidores ; apresentou oito pontos principais para subsidiar o governo federal nas reuniões em Copenhague em dezembro próximo.
Entre as propostas, já encaminhadas à Confederação Nacional da Indústria (CNI), que representa o setor produtivo nas discussões e negociações sobre as mudanças climáticas, está a criação do Selo de Energia Limpa, que deve ser reconhecido internacionalmente. ;Ele vai especificar o conteúdo energético de fontes renováveis dos produtos brasileiros e contribuir para a competitividade de nossa indústria;, explica Silvia Calou, coordenadora do fórum e diretora executiva da Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE).(RC)
O repórter viajou a convite do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico
Ouça entrevistas:
Adjarma Azevedo, presidente do conselho diretor da Associação Brasileira do Alumínio (Abal)