Jornal Correio Braziliense

Brasil

MST desocupa fazenda de laranja após chegada de policiais

São Paulo - Os cerca de 250 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desocuparam na manhã desta quarta-feira (7/10) a fazenda Santo Henrique, em Borebi, a 300 quilômetros da cidade de São Paulo, invadida pelo grupo no último dia 28. A saída foi pacífica, segundo a empresa Sucocítrico Cutrale que ganhou na Justiça o direito de retomar a posse da área de 2,4 mil hectares, onde antes da invasão havia um milhão de pés de laranja. [SAIBAMAIS] Parte desse plantio foi destruído pelos sem-terra e, nesse momento, segundo o diretor de relações trabalhistas da empresa, Carlos Otero, está sendo feito o levantamento das perdas da lavoura das demais instalações. Por determinação do juíz Mário Ramos dos Santos, da 2ª Vara da Comarca de Lençóis Paulista, a desocupação deveria ocorrer em 24 horas após o recebimento do mandado judicial pelo MST. Esse prazo iria se esgotar no final da manhã de hoje. Pouco antes, o coordenador regional do MST, Paulo Beraldo, afirmou à Agência Brasil, que não era intenção resistir, mas ganhar tempo na tentativa de obter no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a promessa de que uma outra área seria disponibilizada assentar os ocupantes. "É lógico que não vamos colocar as nossas famílias em risco", respondeu ao ser perguntado se iriam deixar o local sem oferecer resistência. Ele, no entanto, alertou que novas invasões vão ocorrer até que haja uma solução que atenda aos planos de assentamentos no interior paulista. Segundo ele, a maioria dos integrantes dessa ação na fazenda Santo Henrique são oriundos de sítios e trabalhos rurais na região, abrangendo os municípios de Agudos, Borebi e Avaré. Ele rebateu as críticas do Incra de que ato teria sido precipitado. Segundo ele, há pelo menos sete anos, o MST reivindica a posse do local para fins de reforma agrária, acusando a Cutrale de explorar ilegalmente uma terra que seria pertencente à União. De acordo com o Incra, há um processo em andamento na Justiça solicitando essa devolução. Ao ser questionada sobre o conflito, a Cutrale disse que tem toda a documentação comprovando ser a verdadeira dona e que a própria decisão judicial de reintegração de posse foi fundamentada com base nessa titularidade. A empresa que é a maior produtora de suco de laranja, responsável por 30% do mercado, argumentou por meio de nota, que a fazenda é produtiva e que mantém 300 empregados no local.