"Já passou o tempo que portão com alarme e sensores eletrônicos eram coisa de gente rica. Hoje em dia, os itens de segurança viraram necessidade. Quando alguém faz uma reforma, já coloca esses itens no orçamento". Quem conta é Francisco das Chagas Cunha, proprietário de uma empresa que vende itens de segurança para residências.
Embora os assaltos a casas e condomínios fechados não cheguem a ocupar um lugar significativo no ranking da criminalidade em São Luís, no Maranhão, se comparados a estatísticas mais vultosas como as de tráfico e homicídios, já é possível afirmar: cada vez mais os maranhenses colocam a mão no bolso para se proteger.
As opções são as mais variadas: vão desde cercas elétricas sofisticadas, com sensores de movimento e vídeo porteiro, até simples cacos de vidro colorido alinhados sobre o muro das casas. A intenção, porém, é uma só: defender a casa de possíveis intrusos. Uma visita rápida a lojas que oferecem equipamentos de segurança para residências já suficiente para constatar a situação.
"Todo dia tem pedido de orçamento, tem crescido bastante do ano passado para cá. O problema é que pouca gente de fato fecha o pedido. Acho que é por causa dessa crise", avaliou Sônia Reis, funcionária de outra empresa do mesmo ramo.
Não é para menos. Proteger uma residência com tudo o que se tem direito pode sair por quase R$ 2 mil em alguns casos. Um levantamento feito pelo jornal O IMPARCIAL identificou que só a cerca elétrica, item básico de segurança em boa parte das residências de São Luís, não sai por menos de R$ 600. Se o pedido incluir também sensores de movimento, o custo adicional pode ser de até R$ 350.
Os crimes
Dados do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) apontam para 9.613 roubos e 10.628 furtos em todo o Maranhão desde o início do ano. É impossível determinar, porém, quanto desse total foi registrado em residências.
Contudo, de acordo com o titular da delegacia de Roubos e Furtos Agnaldo Timóteo Silva Carvalho, os assaltos em residências seguem bem atrás nas estatísticas de criminalidade: perdem para os casos em vans, ônibus, transeuntes e até a estabelecimentos comerciais.
O baixo número de ocorrências, porém, não elimina a necessidade de proteção. Para o delegado Agnaldo, casos desse tipo costumam seguir um padrão. "No caso de condomínios fechados, por exemplo, ou o problema é no sistema eletrônico ou é na entrada de alguém autorizado indevidamente pelo porteiro ou por um morador", explicou o delegado.
As falhas no sistema eletrônico, diz ele, quase sempre dizem respeito a adoção de sistemas mais baratos do que o requerido para determinado imóvel. "As pessoas podem, por exemplo, adotar um sistema de segurança que, apesar de mais barato, não é o mais indicado para atender às necessidades daquele local. Até uma câmera na porta sem a nitidez adequada pode contribuir", avaliou.