O comitê de governança formado no início do ano para acompanhar a elaboração do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - que em 2009 será usado pela primeira vez como forma de seleção de ingresso em universidades - virá a Brasília amanhã. Convocados diretamente pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, os membros do comitê esperam sair do encontro com uma data definida para a aplicação da nova prova, especialmente os dirigentes das 14 instituições que aderiram ao novo modelo como forma única de vestibular.
"Queremos prever datas, etapas e fortalecer as questões de segurança", destacou Malvina Tuttman, reitora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), destacando confiar na resolução dos problemas. Ela representará a Região Sudeste na reunião do comitê de governança, que chegou a se reunir no início das discussões sobre o novo Enem, mas parou de participar do processo desde a etapa de licitação. "Não cabia mais à comissão, essa era uma parte operacional de responsabilidade do MEC", explica a reitora.
Ontem, Haddad passou o dia reunido para estudar a melhor forma de aplicar o Enem depois da constatação de que houve vazamento de dados. A ideia é acionar as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança Pública de forma a minimizar a participação do consórcio de organizadoras que atualmente está à frente do projeto, o Connasel - formado pelas empresas Consultec, Funrio e pelo Instituto Cetro. Marcadas por uma enxurrada de escândalos, as empresas dificilmente conseguirão preservar a credibilidade do processo.
Para tranquilizar alunos e reitores, o MEC reafirmou oficialmente ontem o que o ministro já havia informado: a nova prova do Enem está pronta. A pasta ressaltou que o formato definitivo da avaliação a ser aplicada a mais de 4 milhões de alunos encontra-se no cofre do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável por formular os testes. A reunião de Haddad com a equipe técnica do MEC se estenderá até hoje.
Amanhã, o grupo ministerial se encontra novamente com o Connasel para discutir a manutenção do consórcio na tarefa de imprimir, distribuir, aplicar e divulgar os resultados das avaliações. O MEC espera que o consórcio apresente uma planilha de informações sobre como conduziu o processo de impressão e principalmente de distribuição das provas. A evidência mais forte de que houve um problema no transporte e entrega das provas nos pontos de aplicação veio da constatação de que diretores de escolas tinham em sua própria casa os envelopes com os testes. Isso teria ocorrido pelo menos em São Paulo, Rio de janeiro e Salvador.
Resistência
No início do ano, quando Fernando Haddad apresentou o projeto do novo Enem como forma de acesso ao ensino superior, houve muita resistência das universidades federais. Decidiu-se criar, então, um comitê, formado por reitores representando cada região do país, membros do MEC e também do Conselho Nacional de Secretários de Educação. A ideia era que o grupo acompanhasse a implantação do projeto.