Com capital social de R$ 107 mil, a empresa baiana Consultec, que se transformou em lÃder do Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção (Connasel) num contrato de mais de R$ 148 milhões, não tinha qualquer experiência em processos seletivos nacionais e dificilmente conseguiria arcar com a garantia contratual de 5% do valor da licitação e com o prejuÃzo de R$ 30 milhões provocado pela fraude. O mesmo vale para as outras duas empresas que integram o grupo: a Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Assistência (Funrio), do Rio de Janeiro, e o Instituto Cetro, de São Paulo. A primeira é uma entidade sem fins lucrativos e a outra, ligada à Cetro Concursos, tem patrimônio de R$ 392 mil. A Consulplan, que vai fazer o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) este ano, por exemplo, apresenta capital de R$ 1,5 milhão.
[SAIBAMAIS]Depois da denúncia do jornal O Estado de São Paulo de que a prova foi vazada, o Ministério da Educação (MEC) adiou o exame que aconteceria em todo o paÃs neste fim de semana e estuda romper o contrato com o consórcio. Neste caso, a prova contaria com a ajuda do Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa (Inep) e reforço dos Correios e das Forças Armadas. O MEC recebeu novas denúncias de que aplicadores do exame na Grande São Paulo e em Salvador teriam guardado as provas em casa.
O consórcio liderado pela Consultec foi o único a participar da licitação, depois que a Cesgranrio desistiu. A empresa baiana, investigada por irregularidades no vestibular da Universidade Estadual da Bahia, responde a uma ação civil pública por fraudes no concurso da Secretaria de Saúde do Estado. A investigação começou em maio, depois que o Ministério Público Estadual (MPE-BA) identificou falhas graves no processo coordenado pela empresa. De acordo com a promotora Rita Tourinho, o edital - elaborado pela Consultec - estipulava peso 1 para a prova objetiva e peso 3 para a de tÃtulo. "Detectamos vÃcio no edital e fizemos uma recomendação. A empresa e a secretaria insistiram em manter a irregularidade", disse a promotora baiana, ressaltando que várias testemunhas já foram ouvidas no processo que tramita em primeira instância.
Ouça entrevista com Reynaldo Marques, presidente do Inep