Jornal Correio Braziliense

Brasil

Estudantes protestam no Rio contra vazamento da prova do Enem

Cerca de 500 estudantes de escolas particulares e cursinhos protestaram nesta sexta-feira (2/10) contra o vazamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os alunos marcharam do Forte de Copacabana à área em frente ao Hotel Copacabana Palace, onde cerca de 50 mil pessoas acompanham a transmissão do anúncio da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Para uma das lideranças da manifestação, o estudante Felipe Senecha, o vazamento e o posterior adiamento da prova "são uma violência psicológica". Concorrendo a uma vaga no curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele disse que o episódio vai atrasar o processo seletivo de várias instituições de ensino superior. [SAIBAMAIS]"O governo federal não consegue organizar uma prova, como quer fazer uma Olimpíada?", questionou. "Estava me preparando e agora não sei mais como vai ser. Estava estudando muito, estava preparado para o Enem. Isso atrasou todos os vestibulares", reclamou. O aluno do Curso Miguel Couto, Vitor Carvalho, disse que a manifestação teve apoio de um dos professores do cursinho pré-vestibular, que estimulou os estudantes a se organizar. De acordo com Vitor, o mesmo professor facilitou a mobilização juntamente com outras escolas e cursinhos, que organizaram a manifestação pela internet. Acompanhando o protesto, a representante da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) Gabriele D'Almeida, estudante do Colégio Pedro II, levantou suspeitas sobre a manifestação. Embora considere o vazamento do Enem um "absurdo", ela avaliou que o processo seletivo, "mais inovador que o vestibular", pode despertar a resistência de alguns setores. "O sistema de pré-vestibulares rende muito dinheiro e enriquece muitas pessoas. Sabemos que com a substituição do vestibular pelo Enem, em curto prazo os cursinhos vão perder sua função, até porque o Enem, uma prova de pensar, toma o lugar do decoreba, do adestramento do pré-vestibular", afirmou. O adiamento da prova foi decidido porque o conteúdo do exame vazou. O jornal O Estado de S. Paulo informou ao ministro da Educação, Fernando Haddad, que foi procurado quinta-feira (1°/10) por um homem que disse, ao telefone, ter as duas provas do Enem que entregaria em troca de R$ 500 mil.