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Dia de celebrar os idosos em Belo Horizonte

Valorizar o idoso, conscientizá-lo de seus direitos e mostrar aos mais jovens os absurdos da discriminação. Alunos e professores dos cursos de enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, educação física e medicina lançaram nessa segunda-feira (28/9), na Praça de Serviços da UFMG, a campanha de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa. No local, houve distribuição de material relativo ao problema e exposição de pôsteres e de obras dos alunos de belas-artes. Grupos de convivência da terceira idade mostraram graça e vigor ao público nas apresentações de dança e do coral. A violência é uma uma das principais causas de lesões, doenças, perda de produtividade, isolamento e desesperança da população mais velha. No Brasil, pesquisa do Ministério da Saúde mostra que, dos 93 mil idosos internados a cada ano no Sistema Único de Saúde (SUS), 27% são vítimas de violência. Só em 2007, 116 mil pessoas acima dos 60 anos foram agredidas, segundo dados do governo federal. Em Belo Horizonte, de acordo com a coordenadora de Direitos da Pessoa Idosa da prefeitura, Maria Fontana Cardoso Maia, não há estatísticas sobre a situação. Ela ressalta que uma das atribuições da coordenadoria é fazer a articulação de instituições e órgãos que trabalham com essa parcela da população. "Essa é uma forma de capacitar, formar e fazer com que o idoso conheça seus direitos para se defender. E também de mostrar que uma das maneiras de defesa desses direitos é a denúncia dos casos de violência aos órgãos competentes", disse. A professora do curso de enfermagem Sônia Maria Soares, representante da UFMG no Conselho Municipal do Idoso, afirma que a campanha tem o objetivo de fortalecer o movimento de resgate da cidadania de pessoas mais velhas. "Na África, dizem que quando morre um idoso, perde-se uma biblioteca. No Brasil, ainda temos de cultivar uma cultura de respeito a esse segmento da população. Hoje, enfrentamos vários tipos de violência, da negligência e abandono até a agressão psicológica e financeira", relatou. No palco da Praça de Serviços, os aposentados João Machado dos Santos, de 76 anos, e Marly Borges Santos, de 71, casados há 52 anos, deram um show de dança e mostraram que são verdadeiros pés de valsa no calango mineiro, no samba e no xote. "Quando as pessoas convivem umas com as outras, melhora até a saúde", afirmou João. "É importante para os jovens perceber que o idoso não é aquele fardo que pensam. Eles nos ensinam e nós também podemos lhes passar muita coisa. É uma troca de conhecimentos e uma participação mútua", ressaltou Marly. Para Alessandra Duarte, de 31, aluna do 9º período de terapia ocupacional, campanhas como a da UFMG são os primeiros passos para uma mudança de atitude na sociedade: "Já somos um país de idosos. Há muitas informações sobre o tema, mas ainda faltam estratégias de divulgação para as pessoas abrirem os olhos".