Jornal Correio Braziliense

Brasil

Estudantes recebem a primavera com experimento que mostra o caminho do Sol na Amazônia

Pesquisadores do Museu da Amazônia realizaram hoje (22), exatamente ao meio-dia, o estudo Experiência do Equinócio com estudantes de uma escola estadual de Manaus e da Vila do Equador, que fica no município de Rorainópolis, Roraima. O objetivo foi mostrar que o caminho percorrido pelo Sol, em relação à Terra, ao longo do ano, é percebido de forma diferente, e que entender isso pode ajudar a compreender porque no Brasil, por exemplo, existem tantas variações de clima e temperatura em localidades difernetes em uma mesma época do ano. Hoje, dia em que começa a primavera, o Sol forma um ângulo de 90 graus em relação ao horizonte nas áreas localizadas na região da Linha do Equador. De acordo com o astrônomo Germano Afonso, consultor do Musa, o experimento foi realizado ao meio-dia porque é o momento em que ocorre a passagem do sol a pino. No caso da Amazônia, isso ocorre duas vezes ao ano. %u201CEsse fenômeno está relacionado à posição do Sol que, no início da primavera e do outono, fica a pino, ou seja, forma um ângulo de 90 graus nas regiões da Linha do Equador%u201D, explicou Afonso, em entrevista à Agência Brasil. A Experiência do Equinócio é simples e consiste em posicionar verticalmente um tubo oco de madeira sobre um pequeno recipiente com água. %u201CDessa forma, é possível acompanhar o movimento do Sol e vê-lo refletido sobre a água exatamente quando se formam esses 90 graus%u201D, explicou. O experimento comprova que os movimentos do Sol são percebidos de forma diferente pelo mundo e ensina conceitos como os de latitude e longitude. O caminho percorrido pelo Sol, segundo o especialista, gera reflexos na meteorologia e na biodiversidade de cada localidade. No caso da Amazônia, explica o porquê da presença das altas temperaturas nesta época do ano. %u201CQuando o sol está mais alto, o calor é maior. Mas as temperaturas também sofrem influência de ventos e chuvas, por exemplo%u201D, ressaltou o astrônomo. Segundo o coordenador-geral do Musa, Enio Candotti, o experimento é realizado há séculos, inclusive por povos indígenas, que acreditam que a passagem do Sol a pino está relacionada ao domínio de um deus superior e ao apoio que outros deuses deram para a construção do mundo e a sobrevivência de seus habitantes. Candotti informou que o experimento realizado na presença dos estudantes do Amazonas e de Roraima é um exemplo do que o Musa vai implantar a partir do próximo ano, quando, efetivamente, começar a funcionar. A experiência também faz parte das comemorações do Ano Internacional da Astronomia. %u201CEstamos resgatando um conhecimento tradicional que não está sendo prestigiado. O Musa será uma oficina permanente a serviço da educação, das escolas e da popularização da ciência%u201D, explicou Candotti.