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Operação Medula desarticula quadrilha que roubava medicamentos de alto custo em SP

Seis pessoas foram presas nesta sexta-feira (18/9), em São Caetano do Sul e Sorocaba, em São Paulo, durante a Operação Medula, realizada pela Polícia Civil em conjunto com a Corregedoria da Administração e a Secretaria Estadual da Saúde, por meio da Vigilância Sanitária. A operação tem o objetivo de desarticular uma quadrilha que roubava e desviava medicamentos de alto custo distribuídos apenas pela rede pública para revender a outras unidades de saúde. Um sétimo integrante do grupo está foragido e é procurado pela polícia.

[SAIBAMAIS]Entre os medicamentos apreendidos estão o Mabthera, com custo de R$ 6 mil a ampola, e o Glimec, cujo fraco é vendido por R$ 10 mil. Ambos são usados para o tratamento do câncer.

Segundo o assistente do delegado da Delegacia de Saúde Pública e Roubo de Medicamentos, subordinada ao Departamento de Polícia e Proteção à Cidadania (DPPC), Anderson Giampaoli, a quadrilha era chefiada por Dahir Fernandes Filho. De acordo com a polícia, ele comprava e encaminhava os medicamentos para as clínicas.

;Os medicamentos eram ;legalizados; por meio de notas frias pelos três filhos de Dahir. Eles cuidavam de quatro distribuidoras e encaminhavam os medicamentos para hospitais e clínicas em todo país;, disse Giampaoli.

As filhas de Dahir, Giuliana Mantovani Fernandes e Giovana Mantovani Fernandes eram responsáveis pelas distribuidoras Garden Farma, em Sorocaba, e Armazém Central de Medicamentos, em Santos, respectivamente. Stefano Mantovani Fernandes, também filho de Dahir, era responsável por outras duas distribuidoras em São Caetano do Sul (Hosp Farma e Central Med Comércio de Produtos Médicos e Hospitalares), onde foram apreendidas diversas unidades dos medicamentos. Além disso, Stefano era o responsável por encaminhar os medicamentos às distribuidoras.

;Com essas prisões conseguimos desmembrar essa quadrilha que vinha distribuindo medicamentos roubados em condições impróprias para uso, ineficazes para o tratamento em hospitais e clínicas em todo o território nacional. O medicamento que apreendemos em Poços de Caldas estava sendo levado dentro de isopor em transporte inadequado. Em São Caetano os medicamentos estavam acondicionados em geladeira junto com leite, carne e outros gêneros alimentícios;, afirmou Giampaoli.

De acordo com o delegado titular da 2; Delegacia de Saúde Pública e Roubo de Medicamentos, Sérgio Norcio, a investigação começou em 2007 quando um posto de saúde da Vila Mariana, na capital paulista, teve R$ 7 milhões em medicamentos oncológicos roubados. Durante as investigações, uma caixa de Mabthera foi encontrada em Poços de Caldas, no interior paulista. ;A caixa possuía o selo da Oncofarma e as investigações constataram que a Oncofarma tinha notas fiscais da saída, mas não de entrada dos remédios. E que haviam vendido três caixas que foram encontrada em Poços de Caldas, uma do posto de saúde da Vila Mariana e duas de um roubo no Hospital do Câncer.;

O corregedor da secretaria estadual da Saúde, Alexandre Zakir, explicou que os roubos de mediamentos de alto custo destinados ao tratamento de câncer vem sendo investigados paralelamente pelo DPPC, pela 2; Seccional da Zona Sul e pelo 1; Distrito de Polícia de Santo André. Ainda segundo ele, anteriormente sete funcionários da Sáude já haviam sido detidos por participarem ou facilitarem o roubo, furto ou desvio desses medicamentos.

Esse tipo de medicamento não é vendido em farmácia e o paciente não pode simplesmente ingeri-lo em casa. Para a sua administração, que é feita por infusão, é necessária a presença de profissionais em local adequado. Por isso, a polícia ainda investiga se as unidades de saúde que aparecem como compradoras desses medicamentos agiram de má fé ou não.

De 2007 até o momento, informou Zakir, a Secretaria Estadual de Saúde calcula ter sofrido um prejuízo de R$ 40 milhões com esses furtos. Entretanto, ele garantiu que os pacientes não sofreram prejuízos, porque o estado tem condições de continuar oferecendo os tratamentos.