Os últimos momentos do empresário Gustavo Felício da Silva, 39 anos, e o momento em que ele foi assassinado na Boate Pantai Lounge, no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em 28 de agosto, serão reconstituídos nesta quinta-feira (10/9) pela Polícia Civil.
[SAIBAMAIS]
O sócio, Leonardo Coutinho Rodrigues Cipriano, 32 ano, vai tentar confirmar a sua versão de que o tiro que acertou a cabeça da vítima foi acidental, mesmo contrariando o laudo de necropsia que comprovou que o disparo foi feito de cima para baixo. "A posição de Leonardo no depoimento é de que os dois estavam sentados, lado a lado, e que o tiro teria sido acidental. Mas a posição do tiro demonstra que o projetil penetrou de cima para baixo, o que dá a entender que provavelmente Leonardo não estivesse sentado ao lado da vítima", disse a delegada Elenice Cristine Batista Ferreira, responsável pelo inquérito.
Na manhã de quarta-feira, a delegada, dois investigadores e dois peritos, entre eles o diretor do Instituto de Criminalística, Sérgio Márcio Costa Ribeiro, estiveram na boate fazendo uma nova perícia e organizando o ambiente para a reconstituição do crime, prevista para as 8h30 desta quinta. Novas impressões digitais foram colhidas no carrinho de mão usado no transporte do corpo e serão analisadas. A manta de isolamento acústico e as fitas adesivas, usadas para enrolar o corpo, também passaram por nova perícia.
O corpo foi descoberto três dias depois do crime, escondido dentro da boate. A polícia suspeita que Leonardo teve ajuda de outra pessoa na ocultação do cadáver. O trabalho foi delicado. Os peritos usaram luvas, pequenas lanternas e produtos químicos que detectam vestígios de sangue para não apagar possíveis pistas que possam ajudar nas investigações. Algumas marcas foram detectadas no granito das escadarias por onde o corpo teria descido no carrinho de mão.
Festa macabra
O pai da vítima, o empresário Fernando Antônio Felício da Silva, abriu a boate para a polícia e acompanhou tudo. "Voltei pela segunda vez. Estamos todos arrasados e ninguém está entendendo nada. Não havia motivo para uma violência dessa. Meu filho sempre foi um menino muito bom, nunca deu o menor trabalho, era amoroso e cheio de amizade. Não dá para acreditar", disse o pai.
O diretor da criminalística, Sérgio Márcio, disse que há muitos pontos obscuros nas investigações e que a nova perícia busca mais vestígios. Na quarta-feira, seguranças e outros funcionários da boate prestaram depoimento na Delegacia de Homicídios.
O empresário foi morto por volta das 15h de uma sexta-feira e seu corpo, escondido pelo acusado nos fundos do primeiro piso, atrás do material usado na reforma da casa. Na noite do crime, o acusado recebeu a família da vítima na boate, numa festa de aniversário do primo da vítima. Segundo testemunhas, o suspeito agiu como se nada tivesse acontecido.
Gustavo foi sepultado numa terça-feira e, na quarta, Leonardo se apresentou à polícia e confessou o crime. Como não houve flagrante, ele foi liberado e responde ao inquérito em liberdade. O advogado disse que seu cliente permaneceu o tempo todo em casa, negando que ele tenha se ausentado de Belo Horizonte. "Ele só fala perante ao delegado porque está fazendo a sua defesa", disse o advogado.