Domingo (30/8) foi dia de pedir Justiça no bairro Bom Pastor, Zona Oeste de Natal. Uma passeata organizada pelos pais da menina Maria Luiza Fernandes, encontrada morta no dia 27 de abril próximo a um lixão, com indícios de estrangulamento e um pedaço de madeira na vagina, levou cerca de 100 pessoas às ruas da região com faixas e cartazes com mensagens de apoio e solidariedade à família. O cortejo saiu do cemitério do Bom Pastor e seguiu pelas ruas do bairro até a 8ª Delegacia de Polícia, próximo ao ginásio.
A manifestação emocionou a população, que acompanhou a caminhada e contou com a participação dos pais de Maísla Mariano de Moura, outra menina brutalmente assassinada três semanas depois, na Zona Norte de Natal. Maria Luíza e Maísla Mariano tinham 15 e 11 anos, respectivamente, quando foram assassinadas.
Os acusados de praticar os dois crimes estão presos e aguardam julgamento. A primeira audiência com o vendedor ambulante Oswaldo Pereira Aguiar, 54, principal suspeito de matar Maísla, será no próximo dia 21 de setembro. Já o julgamento do jovem Thiago Felipe Pereira, 23, acusado de assassinar Maria Luíza, ainda não tem data para acontecer.
Cortejo
À frente da passeata, os pais de Maria Luíza, Umbelino de Moura e Rosilene Fernandes, afirmaram que o objetivo da caminhada era evitar que a sociedade e as autoridades esqueçam o que aconteceu com as duas meninas. "Estamos fazendo essa caminhada, quatro meses depois desse crime bárbaro, para que esses casos não caiam no esquecimento. A forma como tudo aconteceu mostra que as mortes de Maria Luíza e de Maísla não são só problema nosso, mas de todo mundo. Eu não vou poder trazer minha filha de volta, mas posso alertar os outros pais para que coisas desse tipo não aconteçam de novo", disseram.
Quatro meses depois do crime brutal que chocou o país, Umbelino e Rosilene já conseguem dormir sem precisar tomar remédios. A saudade, no entanto, ainda está bem viva no coração de cada um. "O sábado para mim ainda é muito difícil. Eu e Maria Luíza trabalhávamos juntas na cantina de um colégio, mas era no sábado que ficávamos mais juntas arrumando a casa e indo ao shopping", contou a mãe. Para Umbelino, a hora de dormir é a pior do dia. "Quando vou deitar e vejo que uma cama está vazia dá um aperto no coração", disse.
Mais calma que das outras oportunidades em que falou com a reportagem, dona Marisa Mariane de Moura, mãe de Maísla, acredita que a Justiça será feita no caso da filha. "Ainda é muito difícil, revoltante, mas acho que a justiça será feita. A primeira audiência está marcada para o dia 21 de setembro e espero que ele (Oswaldo Pereira, principal suspeito pelo crime) não tenha nenhum privilégio só porque tem uma irmã que é advogada", disse.
Na calçada da rua por onde a passeata passou, a diarista Gerlândia da Silva se emocionou com a situação. Ela tem um filho de quatro anos e disse que sentiu o drama das duas famílias. "A gente sente como se fosse com um filho nosso. Um absurdo, isso é coisa de gente que não tem Deus no coração", desabafou. (RD)