Mesmo depois da licença de 10 dias concedida a todas as servidoras gestantes do Distrito Federal e do afastamento temporário das professoras da rede pública das salas de aula, as docentes têm reclamado que continuam expostas ao vÃrus da influenza A (H1N1), uma vez que ainda mantêm contato com colegas que permanecem exercendo suas atividades nas turmas.
O Sindicato dos Professores (Sinpro) disponibilizou seu departamento jurÃdico no caso de as grávidas decidirem acionar a Justiça para garantir a ausência do trabalho enquanto a enfermidade for uma ameaça.
Uma das razões para o Sinpro ter oferecido a assessoria jurÃdica é o grande volume de professoras que estão procurando o sindicato. "Elas dizem que, mesmo com a circular que as afastou da regência de classe e orientou o exercÃcio de atividades na direção escolar, coordenação pedagógica ou planejamento de aulas, a exposição à doença ainda é grande, devido ao contato com os professores que continuam atuando dentro das salas", afirma Antônio Lisboa, diretor do Sinpro.
Além dessa polêmica, a professora Fernanda (nome fictÃcio a pedido da entrevistada) observa que a escola onde leciona não recebeu a circular de número 51, distribuÃda pela Secretaria de Saúde a todas as regionais de ensino, segundo a qual as docentes que atuam em classe devem colaborar nas atividades da direção, coordenação pedagógica ou planejamento de aulas.
"A medida deveria começar na segunda-feira, mas até ontem (terça) não havia chegado nada na direção. Por conta desse erro, tive que dar aula assim mesmo. O diretor tentou resolver, depois que procurei o Sinpro, mas não encontrou nenhuma solução, a não ser a minha permanência com os alunos", denuncia.
A preocupação de Fernanda, grávida de quatro meses, é devido à confirmação de um aluno com a nova gripe e outros dois casos suspeitos. "Mesmo com o trabalho fora da classe, continuamos mantendo contato com os alunos. Eles nos beijam e nos abraçam", conta.
Eunice Santos, secretária adjunta de Educação, explica que todas as escolas do DF recebem, por e-mail, as circulares e, quando um centro de ensino não tem endereço eletrônico próprio, os textos são enviados ao e-mail pessoal do diretor. "Mas amanhã (hoje) mesmo vamos reforçar a divulgação das informações em todos os locais", ressalta.
Sobre a possibilidade de as professoras recorrerem à Justiça, Eunice entende que é um direito de cada uma. "As docentes insatisfeitas têm o livre-arbÃtrio, mas só quem pode dispensá-las do trabalho é o governador por meio de decreto", frisou. (RC)
Confira trecho da entrevista com Eunice Santos, secretária adjunta de Educação