Jornal Correio Braziliense

Brasil

Entidades se mobilizam pela aprovação da jornada de trabalho de 40 horas

As entidades sindicais estão programando mobilizações esta semana na Câmara em favor da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional que reduz para 40 horas a jornada de trabalho semanal. A PEC está na pauta para votação em plenário e o assunto já foi discutido em audiências públicas com empregados e empregadores na comissão-geral criada para tratar do tema. De acordo com a Força Sindical, no ano passado os trabalhadores da área farmacêutica foram a primeira categoria a reduzir coletivamente a jornada de trabalho, que caiu para 36 horas semanais, a exemplo do que já ocorre em alguns setores da indústria, cujas atividades exigem longos intervalos de folga. Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, a redução da jornada de trabalho semanal de 44 para 40 horas permitirá a geração de 2 milhões de empregos, com elevação de 1,9% no custo das folhas de pagamento. Ele destaca que "é um percentual pequeno, uma vez que os ganhos que elas [categorias] tiveram nos últimos anos foram muito compensadores. A produtividade no Brasil, de 2002 para cá aumentou em 27%", argumenta o sindicalista. No último dia 14, a Força Sindical promoveu em várias capitais a Jornada Nacional Unificada de Lutas, com o apoio de outras entidades de representação dos trabalhadores, movimentos populares e estudantis. A redução da jornada semanal de trabalho figurou entre as principais reivindicações. Em reunião realizada no dia 20 no Rio de Janeiro, a Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) posicionou-se contra a aprovação da proposta de emenda à Constituição, que também estabelece aumento de 50% para 70% do valor da hora extra. A entidade discorda da previsão de Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, e diz que a aprovação pode provocar desemprego, aumento da informalidade e elevação da inflação. A CNC defende que "num momento de recuperação da crise econômica reduzir a jornada encarecerá os produtos e reduzirá a competitividade na área comercial". O presidente da CNC, Antônio Oliveira Santos citou os resultados da medida na França, que segundo ele "empobreceu em relação a outras nações da Europa, como a Alemanha", depois que os trabalhadores tiveram a jornada reduzida. A entidade destaca que o setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo é hoje o maior empregador nacional e, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é formado essencialmente por microempresas e empresas de pequeno porte, que seriam afetadas pela redução da jornada semanal de trabalho.