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Quilombolas de Ubatuba terão que unificar representação para terem terra regularizada

Os quilombolas de Caçandoquinha, no município de Ubatuba (SP), devem se unir para dar continuidade ao processo de titulação de área reivindicada por eles e suspenso por decisão judicial. O alerta foi reiterado hoje à comunidade pelo ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, que visitou o local para verificar os problemas e carências apontados pelas duas lideranças da região. "Todo processo de titulação esbarra no fato de a comunidade não chegar a um entendimento de qual representação irá dialogar com o governo. Existem duas representações ali, o que cria uma dificuldade. Resolvido isso, creio que padece o entrave jurídico e teremos segurança para assistir essas comunidades", afirmou Santos. O presidente da Associação dos Remanescentes da Comunidade de Quilombo Caçandoquinha, Raposa, Saco das Bananas e Frade, Mário Gabriel do Prado, afirmou já ter encaminhado várias tentativas de acordo à Associação do Quilombo Caçandoca e aguarda resposta. "As reivindicações de melhor assistência entregues ao ministro dizem respeito a áreas regularizadas e não regularizadas", informou Prado. Segundo ele, as principais carências da comunidade são o fornecimento de energia elétrica para muitas casas e a construção de estradas. "Já tive várias reuniões com o ministro e ele ficou de dar esse apoio. Estamos confiantes de que agora, após essa visita pessoal, as coisas aconteçam." A comunidade de Caçandoquinha já chegou a ocupar parte de área reivindicada %u2013 disputada com particular no litoral paulista e cobiçada para projetos imobiliários %u2013, mas foi retirada em junho, por ordem judicial. Hoje, os moradores estão no limite entre esta área e outra já regularizada como quilombo. Vivem aproximadamente 59 famílias no local ou próximo dali. Prado e o advogado da associação da Caçandoquinha relataram que no ano passado a área revindicada pelos quilombolas chegou a ser colocada à venda na internet por R$ 5 milhões. Dizem também que a comunidade sofre ameaças e intimidações em virtude da luta pelo reconhecimento do direito à área.