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Atuação do Estado na Cracolândia se resume a ação policial, afirmam associações

O trabalho da Ação Integrada Centro Legal, grupo que integra mais de 20 órgãos da prefeitura e do estado de São Paulo para recuperar a Cracolândia paulistana, foi pouco além das operações policias. É o que contestam as associações de comerciantes e moradores de bairros do centro ouvidas pela Agência Brasil. A proposta da Centro Legal era organizar ações policias em conjunto com atividades de assistência social e de saúde para recuperar as ruas tomadas pelo consumo e comércio de crack. No entanto, segundo o vice-presidente da Associação dos Moradores e Comerciantes do Bairro de Campos Elíseos (AMCCE), Nelson Barbosa, as constantes abordagens realizadas pela polícia e pelos agentes de saúde estão fragmentando os grupos de usuários e espalhando o problema pela área central da cidade. "Na verdade o que aconteceu é o que já vinha acontecendo mesmo. Se antes estava em grupo maior, agora eles estão ocupando outras ruas em grupo talvez até um pouco menores." Ele classifica a ação de "policialesca" e afirma que não existe um projeto de recuperação das pessoas em situação de rua. "Não vejo e continuo sem saber de nenhum projeto da área de assistência social para acolhimento, encaminhamento e porta de saída para essas pessoas em situação de rua." Os agentes de saúde que percorrem a região abordando os viciados são, de acordo com Barbosa, a única medida além do policiamento ostensivo. "Dá a impressão que existe uma maquiagem na história". O diretor da Associação dos Comerciantes do bairro da Santa Ifigênia (ACSI), Paulo Garcia, tem certeza de que a operação tenta disfarçar os problemas do centro de São Paulo. "Eu vejo maquiagem", afirmou. Garcia conta que as ações realmente melhoraram a situação do bairro: "as ruas estão melhores, mais limpas". Porém, com base em experiências anteriores, ele desconfia que seja uma situação passageira. "Vejo uma melhora muito acentuada de umas semanas para cá. Mas, já assisti a esse filme em outras ocasiões e sei que na sequência vai voltar tudo como era antes." Uma ação que buscasse atender cada viciado individualmente."Quando você fala Cracolândia ou usuário de crack, você está falando de uma multidão. Tem que começar a falar de Paulo, de Pedro de Miguel, e correr atrás daquele nome e não da questão como fosse se resolver com uma passada de camburão", afirmou. O psicólogo da organização não governamental É de Lei Tiago Calil também defende uma abordagem mais gradual e humanizada. "Eles [prefeitura e estado] querem mudar [a relaidade daqui] de um hora para outra, acho que teria que ser um processo mais gradual de fazer contato com essas pessoas e ir conversando, vendo as possibilidades", considerou. Para Calil, que trabalha com redução de danos na Cracolândia, a pressa para que os viciados se reabilitem a tempo da recuperação urbanística do bairro não permite uma ação individualizada. "Eu não vejo como um cuidado com as pessoas que estão ali, é mais uma operação para limpar mesmo."