Um protesto na Praça da Sé lembrou nesta quarta-feira (19/8) o massacre de sete moradores de rua ocorrido há cinco anos no centro de São Paulo. Os manifestantes denunciaram o descaso das autoridades em relação à chacina e cobraram providências para punir os responsáveis pelo assassinato do grupo formado por catadores de lixo.
Entre as pessoas mortas, estava uma catadora de lixo conhecida apenas por Maria. "Ela não fazia mal a uma mosca e não mexia com drogas. Era uma trabalhadora que só estava nessa situação por falta de opção. Nem ela nem os demais mereciam ter morrido daquela maneira", disse a moradora de rua Helena Coelho Andrade de Oliveira, cobrando justiça no caso.
[SAIBAMAIS]O coordenador do Movimento Nacional da População de Rua, Anderson Lopes, pediu mudanças na forma como o Poder Público se relaciona com esse segmento da sociedade. "Temos que transformar nossa dor em políticas públicas. Temos direito à moradia, saúde e educação".
Durante o protesto, os manifestantes exibiram faixas com os nomes das vítimas - Givanildo Amaro da Silva, Benedito de Souza, Antonio Odilon dos Santos, Cosme Rodrigues Machado, Maria e outras duas pessoas não identificadas. "Não podemos esquecê-los", completou Lopes.
Para o padre Aécio Cordeiro da Silva, a falta de interesse sobre o caso traz muitas incertezas para o país. Por isso, acrescentou, era importante lembrar os cinco anos do massacre. "Se ficarmos indiferentes, o que será do Brasil? Temos que fazer alguma coisa. Achar os culpados e puni-los".
A freira e advogada Michael Mary Nolan está acompanhando o caso na Justiça. "O inquérito está no Superior Tribunal de Justiça esperando que ele aceite a denúncia (contra os acusados) do Ministério Público Estadual de São Paulo".