Levantamento do Serviço Estadual de Saúde de São Paulo divulgado nesta terça-feira (18/8) mostra que, das 3.111 vítimas de violência atendidas, de janeiro a maio, 37,8% eram menores de 18 anos.
Desse percentual, 29,1% eram menores de 14 anos e maioria, 60% do grupo, era de meninas. O estudo apontou, ainda, que as maiores violências registradas foram a física (33%) e a sexual (29%).
[SAIBAMAIS]Amigos ou conhecidos das vítimas representam 32,2% dos agressores, dos casos em que há esta informação, enquanto em 23,4% dos casos, o agressor é o próprio pai da criança. Padastros responderam por 10,2% das agressões e 12,9% dos atos violentos foram praticados por um desconhecido.
Para a pediatra Luci Pfeiffer, é importante que os profissioanais do serviço de saúde denunciem qualquer suspeita de violência para as autoridades competentes. "Somos obrigados a notificar, sem deixar de acompanhar o caso", contou a especialista durante o 4º Fórum Paulista de Prevenção de Acidentes e Combate à Violência Contra Crianças e Adolescentes.
Luci é coordenadora de uma rede de proteção às crianças e aos adolescentes de Curitiba e disse que "não podemos nos calar, mesmo que isso signifique riscos para nós. Quando encontra um limite, o agressor sabe que dali não pode passar".
A médica disse, ainda, que os profissionais que lidam com crianças e adolescentes, como os de saúde e educação, não podem se prender a rótulos e a preconceitos e devem tentar ouvir todos os envolvidos em casos de violência contra menores. A pediatra contou um caso em que a mãe de oito crianças era psicótica e tentou matar o filho de 7 anos diversas vezes.
"A criança foi afastada do convívio familiar, mas a juíza responsável pelo caso e a instituição que abrigava o menino acreditavam na mãe e não interrompiam o contato dos dois, prejudicando a criança", disse. Segundo ela, tal caso aconteceu porque as pessoas dão votos de confiança sem averiguar os fatos apropriadamente.
"Há uma necessidade de preparar melhor os profissionais que lidam com crianças, estejam elas em situação de risco ou não", afirmou a especialista. Luci comentou que, após a rede que coordena capacitar os profissionais da área de educação a reconhecer possíveis vítimas de violência em sua cidade, as notificações de suspeita violência aumentaram. "Hoje, os educadores são os que mais denunciam", contou.