Os Ministérios Públicos de Pernambuco e da Paraíba e a Polícia Federal vão trabalhar em conjunto para coibir a atuação de grupos de extermínio nos municípios localizados na divisa entre os dois estados. A proposta foi aprovada na noite desta segunda-feira, após a assinatura de um termo de compromisso entre as instituições. Um levantamento feito polícia paraibana aponta que, em dez anos, 220 pessoas foram assassinadas na área, seja no município de Itambé, pertecente à Pernambuco, seja no município de Pedra do Fogo, que fica na Paraíba.
[SAIBAMAIS]Os dados vieram à tona depois do assassinato do advogado e vice-presidente do PT de Pernambuco Manoel Matos Bezerra, morto em janeiro por dois homens encapuzados que invadiram a casa de praia onde ele estava com amigos e parentes, no município paraibano de Pitimbu. Mattos vinha denunciando por mais de dez anos a atuação dos grupos de extermínio na Zona da Mata Norte de Pernambuco, área que corresponde à divisa com a Paraíba, e depôs como testeminha na CPI do Extermínio, levada a cabo na Câmara Federla, e Brasília.
Encarregado da apuração do homicídio, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) identificou as mais de duas centenas de assassinatos com características de execução registrados na divisa entre os dois estados. Um traço comum dos crimes é a prática de crueldade contra as vítimas. Algumas delas tiveram partes do corpo órgãos dilacerados como forma de dificultar uma posterior identificação. Grande parte desses permanece impune.
De acordo com a Procuradora Geral de Justiça da Paraíba, Janete Ismael, a situação é grave e isto motivou o Ministério Público a unir forças com outras entidades para combater os grupos de extermínio. As cidades com maior número de crimes com características de execução registradas no levantamento são Pedras de Fogo, na Paraíba, e Itambé, em Pernambuco.
O acordo de cooperação foi assinado pela procuradora adjunta de Pernambuco Geruza Torres de Lima, pelo delegado da Polícia Federal na Paraíba Omar Musi e por Janete. O intuito é investigar todos os crimes que possam ter tido o envolvimento de grupos de extermínio na área em questão.
Seis presos
Seis suspeitos de participação na morte de Manoel Mattos foram presas. Um dos acusados, Sérgio Paulo da Silva, foi detido em Pedras de Fogo no mês passado. Segundo o delegado Norival Portela Sérgio foi reconhecido por um sargento da PM e recebeu ordem de prisão quando andava pela rua onde morava.
Além dele, também já foram presos José Nilson Borges, Cláudio Borges, José da Silva Martins, o policial civil Sérgio de Souza Azevedo e o sargento da Polícia Militar Flávio Inácio Pereira.