De todas as mortes confirmadas pelas secretarias estaduais de saúde por influenza A (H1N1), pelo menos 15% são de mulheres grávidas. O Ãndice elevado de óbitos entre as gestantes levou alguns infectologistas a recomendarem o adiamento da gestação em pelo menos um ano, quando provavelmente já deve estar disponÃvel uma vacina contra a doença.
O Ministério da Saúde informa que, por enquanto, não há orientações para que as brasileiras que estejam pensando em engravidar adiem seus planos. Mesmo com a sugestão de alguns profissionais, o assunto divide a classe.
[SAIBAMAIS]
O infectologista Artur Timerman, chefe do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, de São Paulo, defende a ideia. "A grávida vai estar mais exposta nos meses mais adiantados da gestação. Se a mulher puder adiar em um ano, quando já deve haver uma vacina, seria conveniente", avalia Timerman.
Professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o infectologista Ricardo Diaz também concorda. "Diante de uma pandemia, é prudente e racional que, se possÃvel, as mulheres adiem a gravidez", afirma. "Além das grávidas, os asmáticos e os portadores de HIV também devem se proteger de forma mais intensa", alerta.
Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Juvêncio Fonseca, discorda dos infectologistas. "A gestante vai precisa se resguardar mais, evitar viagens para locais onde há transmissão. Mas dizer para não engravidar, na minha opinião, é um exagero."
Grávida de seis meses, Rosângela AtaÃde de Souza, 33 anos, tem tomado algumas precauções para evitar a contaminação com a nova gripe. Ontem, enquanto realizava exames do pré-natal no Hospital Regional da Asa Sul (Hras), Rosângela disse estar preocupada. "Vejo a alimentação. Carne de porco nem como mais. Também evito ficar perto de pessoas com sintomas de gripe e procuro me informar se a doença traz riscos ao bebê."
Pessoas do grupo de risco que se contaminarem com a forma grave da gripe suÃna têm 3,46 mais chances de morrer do que uma pessoa que não se enquadre nesse perfil. Apesar do risco, divulgado pelo próprio Ministério da Saúde, o ministro José Gomes Temporão afirmou na segunda-feira que o Tamiflu (medicamento para tratar a doença) não deve ser usado de forma preventiva em grávidas ou em qualquer outro grupo de risco. "Fazer profilaxia com antiviral é uma medida de profunda irresponsabilidade e não tem nenhuma base técnico-cientÃfica", ressaltou.
O número
3,46 vezes
Daqueles que contraÃram a forma grave da doença, os que estão no grupo de risco têm mais que o triplo de chances de morrer
Ouça trecho da entrevista com o infectologista Ricardo Diaz