No primeiro dia de aulas na rede pública de ensino do Distrito Federal depois das férias de julho, o assunto nos corredores e dentro das salas era um só: a gripe suÃna. As atividades escolares deveriam ter começado há uma semana, de acordo com o calendário da Secretaria de Educação, mas o governo decidiu adiar o inÃcio do semestre letivo para instruir os professores sobre a doença, ensinando a evitar o contágio e lidar com os alunos que apresentarem algum sintoma da Influenza A (H1N1). Ontem, em alguns centros, alunos chegaram a voltar para casa por apresentarem sintomas da enfermidade.
[SAIBAMAIS]
Os 536 mil alunos de colégios públicos do DF estudaram cartilhas com informações sobre a doença. Durante a semana, um vÃdeo com conteúdo sobre o tema será exibido nas escolas para mostrar as diferenças entre a gripe comum e a gripe A.
As escolas receberam kits de higienização com álcool em gel, papel toalha e lixeiras com tampa para evitar a disseminação do vÃrus na comunidade escolar. Nas paredes, as direções dos colégios colaram cartazes com instruções de como lavar as mãos, com ressalvas para o cuidado com a limpeza das unhas e entre os dedos, sempre com muito sabão e água corrente.
No Guará II, o secretário de Educação, José Luiz Valente, recepcionou os estudantes do Centro de Ensino Fundamental 10 (CEF 10), para ensiná-los a tomar os devidos cuidados com a nova gripe. Valente alertou para a importância da prevenção, mas garantiu que os pais podem mandar seus filhos para a escola tranquilos. "Não temos registro de nenhum caso de gripe A nas escolas do DF. Não há razão para pânico. O que estamos fazendo é a prevenção", afirmou o secretário.
Entre os alunos, no entanto, o clima era de apreensão. "Espirrei nos últimos dias. Também tive febre alta. Fui ao posto de saúde, mas disseram que eu estou só resfriado", relata Vitor Cardoso, 11 anos, estudante da 5ª série.
Na Asa Sul, pelo menos cinco estudantes do colégio Polivalente tiveram de voltar para casa, pois estavam tossindo e espirrando dentro da sala de aula. "A instrução recebida pela Secretaria de Educação foi liberar por sete dias as crianças que apresentassem algum sintoma", esclarece a diretora do Polivalente, Elizabete Ferreira. "Passei uma semana usando máscara, porque estava muito gripada. Mas o médico disse que estou bem, que foi só um susto", conta a estudante da 5ª série do Polivalente Alicia Monteiro, 11 anos, uma das crianças que teve de voltar para casa.
Elizabete Ferreira conta que, na semana passada, ela e diretores de outras instituições participaram de treinamento oferecido pela Secretaria de Saúde. As atividades duraram dois dias, num total de oito horas. Nesse perÃodo, foram instruÃdos a lidar com a nova gripe. Depois, as informações foram passadas aos professores. "Com o treinamento, me sinto totalmente preparada para instruir meus alunos no que diz respeito à nova gripe", afirma Aline Hollyday, professora do CEF 10.
Preocupação
Nas escolas particulares, as aulas começaram na semana passada e a gripe A virou assunto corrente nas salas de aula e pelos corredores. Os professores têm aproveitado a ocasião para dar aulas a respeito da doença, seus efeitos e meios de evitá-la.
Algumas instituições adotaram o uso do álcool em gel para melhor limpeza das mãos e suspenderam o uso dos bebedouros. Apesar de tudo, alguns alunos ainda se sentem preocupados. "Muita gente viajou nas férias e nós encontramos todo mundo na escola. Eu mesmo tenho uma amiga que voltou da Argentina gripada, só que com gripe normal. Mesmo assim, ela tem ficado em casa", diz a estudante do colégio Notre Dame Lorraine Silva Nogueira, 16 anos. "Todo mundo anda um pouco mais precavido", acrescenta.
Mas nem todos pensam da mesma maneira. Para alguns estudantes, o caso não parece tão preocupante. "Na minha escola, está tudo tranquilo. Ninguém aparenta ter um quadro de contágio e, do mesmo modo que podemos nos contaminar na escola, podemos nos contaminar em qualquer lugar", afirma José Roberto Chagas Ferreira, 18 anos, aluno do Sigma. Ele acredita que a gripe suÃna logo deixará de preocupar a população.
Confira videorreportagem sobre as aulas nas escolas particulares
Limpeza
O álcool em gel se diferencia da solução comum porque é menos inflamável. Nenhuma das duas substâncias é tóxica em contato com a pele. Os aditivos usados para controlar o potencial explosivo do gel são do mesmo tipo dos utilizados em cosméticos. Por essa razão, esse tipo de álcool é mais indicado para fazer a limpeza das mãos. Além disso, o gel evapora mais devagar e conserva por mais tempo as propriedades desinfetantes.
Eu acho...
"Como mãe, fiquei apreensiva em mandar meu filho para a escola. Mas como também sou professora, logo entendi que não havia perigo iminente. O mais importante é tomar as devidas precauções e não deixar faltar o kit de higienização. Comprei uma garrafinha de água para o meu filho não usar o bebedouro e disse para ele não ter muito contato fÃsico com os colegas. Acho que assim ele estará protegido"
Daniele Fonseca,
31 anos, moradora do Guará