O Ministério da Saúde anunciou ontem (3/8), durante encontro promovido com especialistas em Brasília, que médicos particulares agora têm autonomia para receitar o medicamento para combate a gripe A (H1N1). Antes, apenas os médicos dos hospitais mantidos pelo estado que são referência no tratamento da doença tinham poder para prescrever o Tamiflu, remédio retirado há quatro meses de circulação.
[SAIBAMAIS]
Contudo, o médico que receitar o Tamiflu para casos que não sejam graves ou para grupos de risco assumirá a responsabilidade pela indicação do medicamento. A decisão também valerá para profissionais da rede pública que não trabalham nos hospitais considerados como referência no tratamento da doença.
Os pacientes continuarão a pegar o Tamiflu nas redes municipal, estadual e federal de saúde, uma vez que o Ministério da Saúde manterá o monopólio da distribuição.
"Foi uma decisão sábia", afirmou o infectologista David Uip, um dos 40 especialistas presentes no encontro, que contou com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Para terem acesso ao remédio, os pacientes levarão, aos locais de distribuição do medicamento na rede pública, a receita do médico com uma ficha do Ministério da Saúde em que serão informadas as condições clínicas da pessoa.
O médico ficará responsável pela prescrição do remédio. A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde não esclareceu ontem qual o teor de responsabilidade aos médicos que receitarem o Tamiflu.
Segundo o infectologista David Uip, a decisão vai facilitar a vida de médicos e pessoas com suspeita de terem contraído a nova gripe. Antes, afirma, a pessoa precisava passar por duas avaliações para ter acesso ao medicamento. A primeira, do médico particular ou do profissional da rede pública que não era de um centro de referência. Com a decisão, o usuário não precisará passar por essa segunda consulta.
Na verdade, desde a quarta-feira da semana passada (29/7), o ministério havia liberado a prescrição do Tamiflu sob essas condições. No entanto, poucos estados estavam se valendo da mudança de procedimento. O Rio de Janeiro, por exemplo, começou a flexibilizar o uso do medicamento apenas no fim de semana. Para facilitar o acesso da população ao medicamento, o governo descentralizou ainda mais os locais de entrega do medicamento.
Eficácia
Segundo os especialistas, o uso mais flexível e rápido do Tamiflu aumenta a eficácia do medicamento. Os pacientes que recebem o medicamento antiviral nas primeiras 48 horas após o contágio têm excelentes respostas. Por isso, a intervenção tem que ser rápida. "A maior dificuldade é tentar identificar os casos da doença antes que os sintomas se agravem. Depois, não há muito o que ser feito", afirmou Jarbas Barbosa, gerente de Vigilância em Saúde, Prevenção e Controle de Doenças da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
O ministério tem 9,5 milhões de kits para tratamento da gripe A. Ontem, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 18 milhões de vacinas da nova gripe de um laboratório no exterior. Um milhão de doses chegará este ano e outros 17 milhões nos três primeiros meses de 2010. O governo deve vacinar primeiros os grupos de risco e os pacientes graves de forma escalonada.