As autoridades de saúde em Minas investigam a terceira morte suspeita de ter sido provocada pela gripe A (H1N1). Depois de 13 dias com os sintomas da nova gripe, o empresário Helano Mattana Saturnino, de 54 anos, morreu à 1h25 da madrugada de domingo (2/8), no Centro de terapia intensiva (CTI) do Hospital Santo Ivo, na capital, onde estava internado desde o dia 26, em coma induzido. O atestado de óbito aponta que o falecimento se deu em consequência de falência múltipla de órgãos, causada pela gripe A (H1N1).
[SAIBAMAIS]
Apesar de o atestado declarar a morte pela nova gripe, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) aguarda os resultados dos exames, que devem ficar prontos nos próximos dias, para confirmar a causa da morte. Na mesma madrugada faleceu a estudante Jacqueline Ruas, de 15 anos, às 5h05, em um voo que vinha de Orlando, nos Estados Unidos, para o Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). A adolescente chegou a ser atendida no estrangeiro, mas foi liberada para voltar para casa.
As duas mortes aumentam as expectativas para as medidas de contenção à doença. Nesta segunda-feira (3/8), professores e funcionários da rede pública iniciam os treinamentos e capacitação para evitar a disseminação do vírus nas salas de aula. O reinício do segundo semestre letivo foi adiado para o dia 10 e muitas escolas particulares aderiram à medida. Uma campanha do governo do estado esclarece a população sobre a mudança das datas, que surpreendeu muitos pais.
O corpo do empresário Helano, natural de Belo Horizonte, foi velado no Cemitério e Crematório Parque Renascer, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e cremado em clima de tristeza e comoção, às 16h.
Bastante abalados, familiares e amigos estão indignados com o atendimento recebido pelo doente desde que buscou os primeiros cuidados médicos. Segundo a mulher e arquiteta, Mônica Maria Bambirra Silveira Guimarães, de 48 anos, o sofrimento deles começou depois do retorno de uma viagem a São Paulo, no dia 19, onde o casal foi a uma festa de casamento.
Na noite do dia 21, os dois começaram a tossir muito. No dia seguinte, estavam com 39,2 graus de febre, tosse e cansaço. "Fomos para um hospital particular. Quando dissemos à médica que tínhamos os sintomas da gripe, ela falou que deveríamos estar de máscara. Ele só foi liberado à 1h30, depois que a médica olhou as chapas da radiografia e disse que se tratava de uma gripe, pois os pulmões dele estavam limpos", conta Mônica.
Com febre alta, fortes dores de cabeça, tosse e cansaço, o casal foi a um otorrino, que receitou um remédio para a febre e os orientou a procurar o Hospital das Clínicas (HC), caso a temperatura continuasse alta.
Os dois passaram a ser monitorados em 24 de julho pela Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), que, no dia seguinte, pediu que fossem ao Hospital das Clínicas, referência para os casos de gripe suína, após informarem que o empresário era hipertenso.
"No HC, o médico checou a temperatura, os pulmões e a pressão. Helano disse que estava com uma secreção sanguinolenta ao tossir. Perguntei se ele não ia receitar um antiviral ou colher material para exames, mas ele disse que esses procedimentos só eram feitos se o paciente estivesse com falta de ar. Cheguei a comentar que era preciso esperar a pessoa morrer para tomarem providências. Ele nos liberou e disse que poderia ser uma gripe comum", desabafa a arquiteta.
O estado de saúde dele só piorou e, no dia 26, foi internado e isolado em um hospital particular. Na última segunda-feira (27/7), Helano foi transferido para o CTI. Mônica Guimarães ressalta que os médicos entraram em contato com o HC e o Hospital Eduardo de Menezes, que não aceitaram a internação dele. "Somente na madrugada de quarta-feira é que o kit antiviral foi liberado e a secreção colhida para exame. Fomos vítimas de descaso. Não digo que a vida dele seria salva se ele tivesse tido acesso ao medicamento antes, mas pelo menos não sofreríamos com essa dúvida. Apesar da sua hipertensão, que estava controlada, ele era saudável e não tinha vício", frisa, em meio a lágrimas. A assessoria do Hospital das Clínicas não foi encontrada para falar sobre o atendimento no ambulatório.
Disney
Foi liberado, no início da noite de domingo, o corpo da estudante brasileira de 15 anos que morreu na madrugada durante um voo que partiu de Orlando com destino ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
A causa da morte foi diagnosticada como pneumonia, segundo o IML, mas a Polícia Civil paulista informou que vai pedir à agência de viagens os exames feitos nos Estados Unidos que teriam descartado a doença, e que serão feitos exames para verificar se a estudante estava com gripe suína.
A jovem voltava de uma viagem à Disney, organizada por uma agência de viagens, e apresentou sintomas ainda nos Estados Unidos. Ela foi encaminhada a um hospital e submetida a exames para verificar se estava com a gripe e o resultado teria sido negativo. Ela passou mal durante o voo e, mesmo atendida por dois médicos que estavam a bordo, não resistiu.
Vistoria na bagagem da jovem encontrou diversos medicamentos, inclusive o Tamiflu, usado no tratamento da gripe suína. A família, que aguardava a chegada da estudante no aeroporto, está em estado de choque. Em nota, a Copa Airlines lamentou o fato e informou estar assistindo os familiares da passageira.