O aumento do número de mortes pela nova gripe no Brasil e a redução da quantidade de exames em suspeitos de ter contraído o vírus A (H1N1) causaram um crescimento na taxa de letalidade da doença no país. O índice, que na semana passada estava em 0,93%, saltou para 2,17%, enquanto a média mundial está em 0,5%.
Boletim divulgado pelo Ministério da Saúde ontem (23/7) mostrou que foram confirmadas mais cinco mortes pelo novo vírus no Rio Grande do Sul, o que fez o número de óbitos no país saltar para 34. Além disso, o relatório informa que, de abril para cá, houve 1.566 casos confirmados em laboratório. Mas como desde 8 de julho o exame só tem sido feito em pacientes graves ou que fazem parte do grupo de risco, o número de infectados pode ser bem maior.
A infectologista e professora da Universidade Federal de São Paulo Nancy Bellei critica a nova metodologia de contagem do governo: "Não é porque a Organização Mundial de Sauúde (OMS) parou de contar os casos que os governos podem parar."
E até a oposição aproveita o momento para alfinetar. Em seu Twitter, o ex-prefeito do Rio César Maia (DEM) criticou a contagem oficial no estado. "Cinco mortes para 128 casos. Casos confirmados estão subestimados, senão seriam 3,9% de mortes: seria o caos. O índice é 0,4%."
O Ministério da Saúde nega que a restrição dos exames leve a uma subnotificação. Argumenta que o país tem uma rede de monitoramento do vírus da gripe em todo o país e que a prioridade, neste momento, é tratar os casos mais graves e acompanhar a evolução do vírus e não saber se todas as pessoas com sintomas de gripe têm ou não o novo vírus.
Entrada liberada
Com as férias escolares chegando ao fim em Brasília, aumenta o fluxo de passageiros na Rodoferroviária e no Aeroporto Juscelino Kubitschek. Até a primeira semana de agosto, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a ocupação nos aviões que pousam na capital ficará 30% acima do observado em épocas de baixa temporada - inclusive em voos vindos de outros países.
Ontem, no aeroporto, quem estava no saguão podia ouvir uma mensagem que orientava "passageiros procedentes de voos internacionais" com sintomas de gripe que procurassem a Anvisa. Mas como o vírus já circula no território nacional, o próprio coordenador da agência em Brasília, José Dias, reconheceu que o alerta está desatualizado. "Vou verificar a possibilidade de mudar para 'passageiros de todos os voos'".
A aposentada Maria Carmargo, 71 anos, chegou de Porto Alegre e disse não ter ouvido nenhuma orientação sobre prevenção da nova gripe. "Tinha até uma pessoa de máscara no avião, mas não lembro de falarem nada."
O Ministério da Saúde e o GDF já adiantaram que não haverá reforço da vigilância nesse período. "A fase de contenção nos aeroportos e na Rodoferroviária já passou. Desde 3 de julho foi considerado que ela não conseguiria mais impedir a circulação do vírus", afirmou a subsecretária de Vigilância à Saúde no DF, Disney Antezana. "Realmente não há muito mais o que fazer nos aeroportos", avalia o infectologista e professor da UnB Cristiano Barros.