O desmatamento para a produção de carvão ainda afeta gravemente a região da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, aponta estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O carvão vegetal abastece principalmente a indústria siderúrgica de Belo Horizonte (MG).
O estudo foi encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente, que pretende concluir até 2010 o zoneamento ecológico - econômico da bacia. A região - formada por 506 municípios de Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Distrito Federal - representa 7,5% do território nacional e abrange 9,6% da população.
Em toda a região, foram extraídas 349 mil toneladas no período, 13,8% da produção nacional. Os dados de extração vegetal são referentes a madeira nativa - não incluem os de silvicultura (florestas plantadas). Neste caso, a produção na bacia atingiu 1 725 milhão de tonelada em 2007 (45% do total no País). Municípios mineiros são os maiores produtores: Lassance (336.868 toneladas), Buritizeiro (261.868), Curvelo (189.570), Três Marias (125.873) e João Pinheiro (125.441). O levantamento inclui extrações autorizadas
O responsável pelo zoneamento da região, Luis Mauro Ferreira, da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do ministério, reconhece que o uso da lenha "é amplo". "O problema não ocorre só no norte de Minas, para consumo em siderúrgicas e olarias. No resto da bacia, é a única fonte de energia", diz. "Temos feito um trabalho de recuperação de áreas degradadas e de mudança da matriz energética. O mais difícil é fazer chegar a informação para a população local."
O estudo aponta que só 7 dos 506 municípios têm alguma representação do Ibama. Para o secretário da Agricultura de Minas, Gilman Vianna, é preciso adotar medidas para ampliar a área de floresta plantada.