Jornal Correio Braziliense

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Confimada primeira morte por gripe suína no Paraná

Secretaria diz apenas que se tratava de uma mulher de Jacarezinho. No Rio Grande do Sul, prefeituras cancelam festas

A Secretaria de Saúde do Paraná confirmou ontem (21/7) a primeira morte por causa da nova gripe no estado. O órgão divulgou apenas que se trata de uma mulher adulta que morava em um município da região de Jacarezinho, a 388km de Curitiba. Ela apresentou os primeiros sintomas no último dia 9 e, dois dias depois, o quadro evoluiu para uma pneumonia. A moça morreu em 16 de julho. A secretaria informou que não vai mudar as ações de vigiância adotadas no estado. [SAIBAMAIS] No Rio Grande do Sul, onde a situação ainda é problemática, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) cancelou todos os eventos programados para os meses de julho e agosto como medida preventiva para evitar a propagação do vírus influenza A H1N1 na região central do Rio Grande do Sul. A decisão, tomada ontem pela reitoria, cancela o 24º Festival Internacional de Inverno, que reuniria professores e estudantes de música de vários países no distrito de Vale Vêneto, em São João do Polêsine, entre 26 de julho e 2 de agosto. No norte do estado, a Universidade de Passo Fundo cancelou todas as formaturas previstas para os próximos dias. A colação de grau dos estudantes que concluíram seus cursos no primeiro semestre será feita em gabinete, sem o caráter solene. Ouça trechos da entrevista com o prefeito de Barra do Quaraí (RS), Maher Jaber TRÊS PERGUNTAS PARA Maher Jaber, prefeito de Barra do Quaraí (RS) Por que a cidade decretou estado de emergência? Nós vemos um pouco de excesso de preocupação junto à população e ela passa a cobrar providências. Nesses últimos 40 dias, se observou que na unidade básica de saúde o atendimento médio diário, que era de 30 pessoas, passou para 90, até 100 pessoas. Isso fez com que a gente se preocupasse com a questão de aquisição de medicamentos e contratação de mais médicos. Há clima de pânico no município? A gente tem feito uma conversação via rádios comunitárias, nos veículos escritos também e o estado de emergência é uma forma de prevenção e de alertar os demais órgãos e esferas, estaduais e federais. O medo existe. Não podemos esperar as coisas acontecerem. Estamos tomando as precauções possíveis. O senhor teme que a situação fique pior do que na Argentina ou no Chile? Nós temos cinco suspeitas porque o único laboratório é em Porto Alegre e encaminhamos os exames há mais de 25 dias. E até agora não vieram os resultados. Eu acho que a tendência, pela situação geográfica, é que vai aumentar. Artigo - por José Gomes Temporão (*) Corrida aos hospitais é em vão Não há qualquer razão para uma corrida desenfreada a hospitais. É compreensível que, diante de uma nova doença como a influenza A (H1N1) - que está sendo estudada em tempo real pelas autoridades sanitárias do mundo inteiro -, as pessoas fiquem mais apreensivas e com dúvidas sobre como agir em relação a ela. Nesse momento, a transparência e a informação têm papel fundamental para manter a tranquilidade e segurança sobre as providências que estão sendo tomadas para proteção da população. É importante ficar claro que a nova gripe tem características muito parecidas com as da gripe comum, seja nos sintomas ou no número de mortes. Em 99,6% dos casos, as pessoas se recuperam bem. A maioria absoluta dos doentes tem quadros leves e volta às suas atividades rapidamente. A recomendação, assim como nos casos de gripe comum, é buscar a orientação de um médico de confiança, do plano de saúde ou do posto de saúde mais próximo. Nesses locais, os pacientes serão avaliados e terão indicação do tratamento mais adequado. Se for o caso, o paciente será encaminhado a um hospital de referência para tratamento da nova gripe. Os principais sintomas são febre, tosse, dor nas articulações, coriza e dor de garganta. Precisamos garantir atendimento ágil e de qualidade a todos, e principalmente àqueles que mais inspiram cuidados. Portanto, os hospitais devem estar disponíveis para atender aos casos considerados graves e pacientes que tenham doenças pré-existentes ou outro fator de risco. Vale ressaltar que não é preciso o resultado de exames para que as pessoas recebam tratamento imediato, quando indicado. São os sintomas dos pacientes e a avaliação do médico que definirão a utilização do medicamento específico para a doença. O fato de o Brasil não ter medido esforços para retardar a circulação do novo vírus evitou a proliferação de casos por mais de 80 dias, desde o alerta da Organização Mundial de Saúde sobre a doença. Mantivemos a rede de vigilância sanitária e epidemiológica plenamente em funcionamento nesse período para propiciar toda a segurança necessária à população. A etapa na qual ingressamos na última semana, quando descobrimos o primeiro indício de circulação do vírus no país, não deve provocar alarde. Nossa rede de saúde preparou-se para um cenário como este desde 2000. As ações do Brasil estão propiciando pronta resposta desde o surgimento da doença, antecipando-se às recomendações da Organização Mundial de Saúde. Além de 68 hospitais de referência, com 900 leitos para os casos mais graves, há medicamento para uso imediato dos pacientes, quando indicado, outros 9 milhões em estoque e 800 mil que chegarão até setembro. Como meio de prevenção, há uma forma simples: lavar bem as mãos e com frequência. Isso é necessário, pois, quando a pessoa está infectada, pela tosse ou pelo espirro, ela lança gotinhas de saliva ou secreção que podem conter o vírus e acabam depositadas em mesas, tecidos, maçanetas, corrimãos, etc. Para quem está gripado, é importante cobrir a boca e o nariz com um lenço descartável ao espirrar ou tossir. Também é recomendado não compartilhar talheres, pratos e objetos de uso pessoal e manter os ambientes bem ventilados. O Ministério da Saúde reitera que, em parceria com estados e municípios, está em alerta e tomando todas as medidas necessárias para a proteção da população. Quem tiver dúvidas deve procurar nossos canais de informação: www.saude.gov.br e Disque-Saúde: 0800 61 1997. * Médico sanitarista e ministro da Saúde