Jornal Correio Braziliense

Brasil

Alerta sobre o câncer de pênis

Ele é o símbolo máximo da masculinidade. Está em jogo quando se fala de conquistas (e derrotas) sexuais. Ganha destaque na mídia quando mulheres vingativas resolvem descontar "neles" a raiva que guardam de seus companheiros. Mas quase nunca aparecem como notícia quando são amputados por um outro motivo: o câncer. Raros em países desenvolvidos mas bastante frequentes no Brasil, os tumores malignos do pênis são responsáveis por cerca de mil cirurgias para retirada total do membro no país por ano. Principalmente nas regiões mais pobres. Tanto que o Norte e o Nordeste concentram mais de 50% dos casos da doença no Brasil. Levantamento realizado em 2007 pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que entre os estados com os maiores números de casos, Pernambuco está em sexto lugar, junto com Minas Gerais, com 5,88% do total, numa lista encabeçada por São Paulo, Ceará, Maranhão, Rio de Janeiro e Pará. Nesta segunda-feira (20/7) a SBU inicia a II Campanha nacional de combate ao câncer de pênis com distribuição de panfletos e entrevistas no site (www.sbu.org.br). E se prepara para promover, no dia 25, o mutirão de cirurgias de fimose que irá subsidiar uma pesquisa que pode dar novo rumo às políticas públicas adotadas no país sobre o assunto. Serão 500 operações. Desse total, 100 no Recife. Durante o estudo, será analisado se no material colhido durante as cirurgias há a presença de lesões pré-cancerosas. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os homens que não conseguem retrair a pele que recobre a cabeça do pênis - problema chamado de fimose - têm maior probabilidade de desenvolver câncer de pênis. A questão aí é a dificultade de realização correta da higiene do órgão. E é ela, a má higiene, a principal causa relacionada a esse tipo de tumor maligno. A relação direta entre fimose e câncer de pênis é apontada pelo Inca e pela SBU. Mas, segundo o chefe do serviço de urologia do Hospital das Clínicas de Pernambuco e assessor da direção nacional da Sociedade Brasileira de Urologia, Salvador Vilar, ela ainda divide a opinião dos cientistas que estudam o assunto. "Há muita discussão em relação a fazer circuncisão em todos os meninos que nascem. Não há unanimidade. Esse estudo pode dar uma contribuição do ponto de vista epidemiológico que ajude na prevenção. Talvez a indicação da circuncisão na população nordestina média venha a ser um fator preventivo importante do câncer de pênis por conta de outros fatores de risco que estão presentes", disse Salvador Vilar, citando a falta de higiene e as relações sexuais com muitos parceiros e sem preservativo. Um dos objetivos da pesquisa é estudar as causas do câncer de pênis e a sua relação com a má higiene e com o Papiloma Vírus Humano (HPV), que pode ser contraído por via sexual. Segundo a assessoria de imprensa da SBU, não há no mundo estudo sobre o assunto envolvendo um número tão grande de indivíduos. Nos países que realizam mais pesquisas científicas, o câncer de pênis é muito raro. As cirurgias programadas para o Recife já têm pacientes previamente escolhidos. Elas serão realizadas no Hospital do Câncer e nas unidades do estado que dispõem de residência médica em urologia - Hospital das Clínicas, Getúlio Vargas, Otávio de Freitas e Oswaldo Cruz. Doenças do homem Na infância Fimose - ocorre quando é impossível retrair a pele do pênis (prepúcio) para expor a glande (cabeça), mas é diferente dos casos de aderência normal do prepúcio, que se resolve espontaneamente até os três anos. O tratamento usa pomadas ou cirurgia Disfunção miccional - há perdas urinárias durante o dia ou a noite, aumento da frequência com que a criança faz xixi, podendo haver infecção urinária e constipação intestinal. Causa da ida de até 40% das crianças ao urologista Hipospádia - abertura da uretra fora do local certo, que é na extremidade da glande. O tratamento é sempre cirúrgico e deve ser feito dos seis meses aos dois anos de idade. Criptorquidismo - ausência do testículo na bolsa escrotal. O tratamento pode ser feito com medicamentos (que são pouco eficazes) ou cirurgia. Ocorre em 3% a 4% das crianças. Na adolescência Câncer de testículo - é o tumor mais comum em homens jovens, com idade entre 15 e 35 anos, com alta possibilidade de cura em fases iniciais Torção de testículo - é uma emergência cirúrgica que ocorre com mais frequência entre 13 e 18 anos. O tempo, nesse caso, é crucial para recuperação do testículo Varicolece - é chamada popularmente de varizes no testículo. A incidência é de 15% em adolescentes e adultos. Estima-se que ocorre em cerca de 40% dos homens com problemas de fertilidade Doenças sexualmente transmissíveis - Aids, HPV, uretrite, doenças fúngicas (causadas por fungos) são algumas delas Na fase adulta Infertilidade - queixa de cerca de 15% dos casais. Estima-se que em metade dos casos de casais inférteis, há envolvimento de um fator masculino dificultando a concepção Disfunções sexuais - dificuldades de ereção e alterações da ejaculação, especialmente a ejaculação precoce Cânceres - de próstata (representa mais de 40% dos tumores que atingem homens com mais de 50 anos); de pênis; de bexiga (é o segundo câncer urológico mais comum); de rim (é o terceiro mais frequente) e de testículo (é raro, mas ocorre com frequencia maior em homens com 15 a 35 anos) Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino - diminuição gradual dos níveis de testosterona que surge com o envelhecimento