Foi no domingo 15 de julho de 2007 que os sete irmãos Gomes se reuniram pela última vez. Na terça-feira seguinte, dia 17, o empresário gaúcho Mário Gomes embarcou no voo TAM JJ 3054 para São Paulo, onde pretendia alugar uma casa na cidade. "E em São Paulo ele ficou, nunca mais voltou para Porto Alegre", lembrou seu irmão Roberto, hoje assessor de imprensa voluntário da Associação dos Familiares e Amigos do Voo TAM JJ3054 (Afavitam).
Roberto Gomes contou Agência Brasil que, nesses dois anos após o acidente, ele perdeu um pouco de sua identidade ao se dedicar Afavitam e a pedir celeridade da Polícia Federal em São Paulo, que é a responsável pelo inquérito do acidente que matou 199 pessoas quando o avião da TAM se chocou contra o prédio da própria companhia em 2007 quando não conseguiu aterrisar na pista do Aeroporto de Congonhas. "Eu tinha uma vida particular em Porto Alegre. Antes, eu era o Roberto Gomes, hoje sou o Roberto, irmão do Mario, vítima da tragédia, e estou respirando a Afavitam", afirmou.
Segundo Roberto, a preocupação dos parentes é com o inquérito: "Queremos saber a verdade, nosso objetivo nunca foi a indenização". De acordo com ele, hoje, o documento elaborado pela Polícia Civil e pelo MinistérioPúblico, ambos de São Paulo tem mais de 40 mil páginas e foi inserido no inquérito da Polícia Federal. "Eles estão fazendo o cruzamento entre os dois inquéritos e estamos sem notícias desde janeiro passado", completou.
A Afavitam tem cerca de 400 associados, que representam quase 160 vítimas e que pagam uma taxa de R$ 5 por mês. Durante este final de semana em São Paulo, cerca de 180 pessoas se encontraram pela 21ª vez. "Os encontros são mensais e só não realizamos durante três meses. São dois anos de convivência e acabamos nos tornando uma família", disse Roberto.
Além do inquérito, outro desafio dos parentes é construir um memorial para as vítimas no local do acidente. A Afavitam já ganhou o projeto assinado pelo arquiteto Ruy Othake, mas ainda falta a verba de R$ 6 milhões e a liberação completa da área pela prefeitura de São Paulo. "Queremos um espaço útil, com salas para cursos e um museu lembrando a tragédia. Para nós é importante que as pessoas não esqueçam", completou Roberto Gomes.