As cerca de 450 famílias da Favela do Sapo, na Água Branca, zona oeste de São Paulo, afirmam não concordar com os critérios de indenizações e benefícios da Prefeitura para a desocupação da área. "Eles estão oferecendo dinheiro, mas não queremos dinheiro queremos moradia", afirmou a faxineira Sandra de Jesus, de 36 anos.
Conforme os moradores, o dinheiro oferecido pelo poder público municipal - que seria de R$ 5 mil para casais com filhos, R$ 4 mil para casais sem filhos e R$ 1,5 mil para solteiros - é insuficiente para que eles consigam um lugar para morar. "Com esse dinheiro é impossível. Eles vão só acabar jogando a gente para outra favela. Como eu, por exemplo. Esta já é a terceira favela por que passo", disse a desempregada Cláudia dos Santos Silva, de 32 anos.
Nesta quarta-feira (15/7), defensores públicos foram à favela na tentativa de garantir uma moradia às famílias do local. A defensora Anaí Arantes Rodrigues explicou que aguarda a chegada de representantes da Prefeitura para uma conversa. "Preciso primeiro ficar a par da situação, mas a ideia é garantir o direito à moradia", disse. Até as 9h30, nenhum representante da Prefeitura havia comparecido ao local.
Em uma assembleia realizada no início da manhã, os moradores decidiram que esperariam pacificamente uma contraproposta da Prefeitura. "Quando a Prefeitura chegar, vamos ver se eles melhoram a proposta e dão garantias para todo mundo. Mas se eles oferecerem o mesmo que falaram ontem, aí vamos fazer alguma coisa", disse o manobrista Agnton Cardoso Ramos, de 25 anos, que comandou a assembleia.
Os moradores disseram que não pretendem fechar a Marginal do Tietê como foi feito no protesto de ontem. "Temos muitas crianças por aqui e estamos com medo de que acabe acontecendo uma tragédia", explicou a copeira Maria Senhora Almeida, de 37 anos.
Segurança
A Força Tática e as Rondas Ostensivas com o Apoio de Motocicletas (Rocam) da Polícia Militar (PM) permanecem de prontidão a poucos metros da favela. Conforme os policiais, eles estão no local apenas para evitar que os moradores fechem novamente a Marginal do Tietê.
Um princípio de tumulto chegou a movimentar os moradores. Para assustar um homem que passava de moto - que, segundo os manifestantes, seria funcionário da Prefeitura - eles resolveram soltar bombinhas. Houve correria, mas ninguém ficou ferido.
A movimentação assustou alguns pais de crianças. De acordo com funcionários da creche Aníbal di Francia, ao lado da Favela do Sapo, diversos pais que chegaram com seus filhos hoje de manhã resolveram levá-los de volta para casa ao verem a aglomeração de moradores. "Uns dez pais mais ou menos fizeram isso", afirmou um funcionário que preferiu não se identificar. Segundo ele, a creche atende 142 crianças das 7 horas às 17 horas.