Jornal Correio Braziliense

Brasil

Nova droga abre perspectivas para o tratamento do câncer no país

O oncologista e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Fábio Marinho, acredita que o tosilato de sorafenibe - medicamento liberado no país para o tratamento do câncer de fígado - dá mais tempo de vida ao paciente desenganado e ao mesmo tempo melhor qualidade de vida, porque é uma droga que não provoca muitos efeitos colaterais. "É preciso lembrar que não é um tratamento curativo, mas sim um tratamento que prolonga a vida do paciente com câncer de fígado em estado avançado. Nesses casos, a nova droga vai apenas prolongar a vida do paciente", disse à Agência Brasil. Segundo o médico, a droga já é usada em cerca de 60 países em todo o mundo, principalmente na região do Pacifico da Ásia. Ele acredita que o medicamento veio para modificar a história do tratamento de câncer no país. "Essa droga abre uma avenida e cria um novo perfil no tratamento desses pacientes. De forma mais específica do que a quimioterapia sistemática, que tem vários efeitos colaterais, porque não age somente nas células cancerígenas, mas também nas que tem funções normais no organismo, como por exemplo as do cabelo e que, por isto mesmo, provocam a sua queda". Ele explicou que, como o câncer de fígado é um dos mais letais, se tratado com a nova droga, o paciente diagnosticado precocemente pode ter maior possibilidade de cura, que se dá, principalmente, com o transplante. "Mas nem todo paciente é candidato ao transplante. Se a doença está em estágio mais avançado, você ficaria sem muita alternativa". Segundo o médico, para que um transplante de fígado tenha sucesso, o paciente deverá ter só um nódulo de no máximo cinco centímetros, ou três pequenos de três centímetros. "Mas se ele já está com a doença avançada, não cabe mais transplante. Aí já é outra terapia. E é aí que entra o tosilato de sorafenide: com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor". Para ele, no entanto, a principal vantagem do novo medicamento é para os pacientes com tumores mais avançados, onde não existe mais tratamento curativo. "Todos os [portadores de] tumores sólidos, como nós chamamos a doença, têm uma sobrevida muito curta. Então quando você fala de um ou dois meses a mais de sobrevida, isto já é bastante significativo do ponto de vista epidemiológico". Segundo o médico, isso pode não significar muito para quem não tem a doença, mas quando se compara essa droga com outras diferentes, para tumores diferentes, essa é a que dá mais sobrevida. "Mas é preciso lembrar que nos casos de cânceres muito avançados essa droga vai apenas prolongar a vida. Dar mais tempo de vida ao paciente, com a vantagem de melhor qualidade de vida, já que essa droga não tem muitos efeitos colaterais".