Será sepultada às 11h desta terça-feira (14/7), no Cemitério de Santo Amaro, a menina Talita Emanuele Ferreira Lins, de 12 anos. Ela cursava a 6ª série em uma escola estadual, namorava um adolescente há oito meses e vivia com a avó materna no bairro do Fundão, Zona Norte do Recife. Tinha acabado de completar 12 anos, há apenas 9 dias.
No último domingo (12/7), às 19h30, voltava de uma sorveteria para casa. No caminho, morreu atingida por sete tiros em plena Avenida Beberibe. O crime violento chamou a atenção dos vizinhos não só pela crueldade contra uma menina recém-saída da infância, mas pelas suas supostas motivações.
Na noite da última sexta-feira (10/7), a adolescente presenciou um homicídio praticado por um traficante do bairro perto da casa onde vivia. Teria pago com a vida uma cena que não pediu para ver. A morte de Talita Emanuele Ferreira Lins é emblemática. Marcou em Pernambuco os 19 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lembrado ontem em todo o país.
Por volta das 21h30 de ontem (13/7), um suspeito foi detido pela PM e levado para o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), na Imbiribeira. Identificado como Emerson José da Silva, 21 anos, o Serviço de Inteligência da PM o aponta como um dos participantes dos dois homicídios - o que a menina teria presenciado e o da própria adolescente.
Ele foi preso na mesma rua do primeiro crime, na casa da sogra, que informou que o parente estava desaparecido desde as 11h do último domingo até a tarde de ontem. Ele foi autuado por porte ilegal de arma e será investigado pelas duas mortes.
Durante todo o dia de ontem, a família de Talita falou pouco com medo de represálias. O namorado da jovem, que tem 16 anos, viu toda a cena e se manteve em estado de choque. Mudou-se com a família do Fundão para escapar mais uma vez da morte.
O conselheiro tutelar da RPA 2, que cobre o bairro, Fernando Dias, disse que a menina morava no Alto Miramar, no Fundão, onde o tráfico de drogas e a exploração sexual de crianças têm preocupado. "Ela teria presenciado um crime e por isso foi morta. No conselho, não temos qualquer registro de passagem dessa adolescente e nem a família nos procurou antes do crime para pedir ajuda", comentou Fernando Dias.
O corpo de Talita foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) às 17h30 de ontem. O velório foi a portas fechadas, no Cemitério de Santo Amaro. "Ela era uma menina que vivia de casa para a escola e da escola para casa. Nunca se envolveu com nada errado", comentou a mãe. No corpo, as marcas da violência. Tiros na cabeça, nas costas, nos braços e no peito.