Traumatizado com a morte do filho mais novo - vítima de pneumonia causada pela gripe A -, o morador de Sapucaia do Sul (RS) reclama dos órgãos de saúde e da escola de Novo Hamburgo - local que teria originado o contágio - pela maneira como teriam conduzido o episódio.
Preferindo não se identificar para evitar preconceitos à sua família, o pai da criança aponta que o colégio teria isolado um professor que tinha voltado da Argentina com suspeita da gripe. A direção, no entanto, teria permitido que a mulher dele, professora, continuasse a dar aulas.
[SAIBAMAIS]
"Disseram que ela fez os exames e deu negativo. Vou descobrir isso. Se não foi lá, ocorreu o contágio onde? Isso é muito estranho", lamenta.
Abalado com a perda, o pai disse que não recebeu nenhuma informação ou explicação da Secretaria Estadual de Saúde. "Só mandaram colocar a máscara. Hoje (13/7), anunciaram a confirmação da morte por gripe A para todo mundo e só depois, à noite, me ligaram para me dizer. Isso não se faz".
Também traumatizado, o filho mais velho, que teria sido contagiado na escola pela professora, e depois infectado o irmão, estaria se sentindo culpado. "Anunciaram para todo mundo que ele tinha infectado o outro. Familiares, amigos, colegas de trabalho e da escola sabem quem somos. Nós já estamos curados, mas as pessoas podem ter preconceito. Isso magoa".
Indicado para falar pela secretaria, o diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz, afirma que entende a dor do pai e reconhece os obstáculos de conter e tratar a doença. "Tendo em vista o inusitado desta epidemia, acredito que todas as dificuldades são decorrentes de uma situação até então desconhecida. As medidas tomadas pelos setores de saúde foram certas, infelizmente ocorreu uma tragédia".
Paz esclarece que os casos suspeitos da escola foram examinados e descartados. A Secretaria da Saúde prefere manter o nome da instituição em segredo para evitar o pânico na escola, visto que já se passou o período mais crítico - o de incubação.