Viciado em crack desde os 14 anos, Diogo Bispo de Jesus, 23, foi preso sob acusação de ter matado os pais, os vendedores ambulantes Diógenes Bispo de Jesus, de 60 anos, e Solange Bispo de Jesus, de 42, com cerca de 60 facadas, na noite de quarta-feira passada, no apartamento no qual os três viviam, em um sobrado no bairro da Barroquinha, em Salvador. O crime e os corpos só foram descobertos na noite de sábado.
Depois dos assassinatos, Diogo vedou as saídas de ar do local e despejou sabão em pó sobre os corpos, para que o cheiro não chamasse a atenção dos vizinhos. Deixou os cadáveres sobre a cama do casal e continuou vivendo normalmente. Os vizinhos, porém, desconfiaram. Primeiro, do sumiço dos comerciantes dos corredores do sobrado - que tem vários cômodos, alugados individualmente. Aos curiosos, Diogo contou que os pais tinham ido viajar. Depois, os vizinhos estranharam o comportamento de Diogo, que já no dia seguinte começou a vender os pertences da família.
Na sexta-feira, apesar dos esforços de Diogo, o cheiro dos corpos em decomposição começou a tomar conta do sobrado. Os vizinhos avisaram a polícia no sábado. Integrantes da 18.; Batalhão da Polícia Militar foram ao imóvel. Esperaram o acusado sair de casa, à noite, e arrombaram a porta do apartamento, encontrando o casal. Quando Diogo voltou para casa, por volta das 4h de ontem, foi preso em flagrante e levado à carceragem da 1.; Delegacia.
Aos policiais que participaram da prisão, Diogo disse que era deficiente mental. No depoimento oficial ao delegado Omar Andrade, porém, ele se recusou a falar - o que impede a polícia de saber o motivo do crime. De acordo com Andrade, o acusado vai responder por duplo homicídio duplamente qualificado - por motivo torpe e sem dar chance de defesa às vítimas - e por ocultação de cadáver.
Os vizinhos contaram ao delegado que as brigas no apartamento eram frequentes desde que a família se mudou para o local, em 2004 - vinda de Simões Filho, na região metropolitana. De acordo com os relatos, por vezes Diogo agrediu a mãe. Na quarta-feira houve discussão entre pais e filho e alguns gritos, mas os vizinhos disseram que estavam acostumados à situação e não quiseram interferir. Os pais nunca prestaram queixa contra o filho. Ele já havia sido detido cinco vezes, por roubos, furtos, lesões corporais e posse de drogas. Na primeira vez que foi detido, o jovem tinha menos de 18 anos.