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AGU vai pedir que Justiça ouça major Curió sobre guerrilha no Araguaia

O major Sebastião Curió Rodrigues de Moura que, em recente entrevista, apresentou documentos e disse que o Exército executou 41 pessoas durante a guerrilha do Araguaia, poderá ter que prestar depoimento na Justiça. O ministro da Defesa, Nelson Jobim pediu que a Advocacia Geral da União (AGU) solicite à 1; Vara da Justiça Federal no Distrito Federal para que tome o depoimento do major.

;Eu tinha duas alternativas: convidar major Curió para ir ao Ministério da Defesa e conseguir informações ou solicitar que a AGU pedisse a audiência dele em juízo. A AGU está providenciando requerimento à juíza da execução para tomar depoimento do major Curió. Se, no depoimento, ele fizer referência aos documentos, ela solicitará esses documentos;, explicou o ministro, em audiência pública, hoje (9/7), na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

A entrevista do major Curió foi concedida ao jornal O Estado de S. Paulo. Depois disso, o major Curió não atendeu ao convite da Comissão de Direitos Humanos da Câmara para falar sobre o assunto em audiência pública.

Jobim disse ainda que outros militares que atuaram na época da Guerrilha já se mostraram também dispostos a falar e que eles também poderão ser encaminhados para depoimento em juízo.

Atualmente, o Ministério da Defesa comanda uma ação no Araguaia com o objetivo de cumprir uma sentença na qual a União foi condenada a realizar, em 120 dias, as buscas dos corpos e do que realmente ocorreu no Araguaia. A primeira fase, que foi a criação do grupo, já foi concluída. A segunda fase, que é de levantamento de informações, está sendo realizada nos locais levantados. Hoje, o grupo se encontra na cidade de Marabá onde faz o reconhecimento de pontos nas proximidades do município.

No sábado, a equipe já seguirá para São Domingos do Araguaia onde permanecerá até quarta-feira. Até o final do mês, os técnicos ainda pretendem levantar informações em São Geraldo do Araguaia e Xambioá, município em cujo cemitério já foram resgatadas 12 ossadas. Duas dessas ossadas já foram identificadas como pertencentes a guerrilheiros.

Passada essa fase de levantamento, em meados de agosto o grupo dará início às escavações com o objetivo de procurar ossadas de desaparecidos da guerrilha. O ministério espera dar início à quarta e última fase em novembro. Essa fase será dedicada às análises de laboratórios para a identificação de eventuais ossadas encontradas.