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Educador social defende tratamento para usuários de drogas em abrigos públicos

As políticas de assistência social para pessoas que vivem nas ruas devem dar prioridade ao tratamento de usuários de drogas. A avaliação é do educador social Jefferson Ferreira, de 24 anos, que passou boa parte da infância e da juventude nessa situação, mas conseguiu se recuperar em um abrigo católico que oferecia tratamento para dependência química.

Hoje (8/7), na abertura da 7; Conferência Municipal de Assistência Social, Ferreira falou sobre a situação de abandono em que viveu durante 12 anos, após a morte da mãe. Ex-usuário de drogas, ele apontou deficiências na recuperação oferecida na rede municipal, como a discriminação e a falta de perspectivas nos abrigos públicos.

;O sistema de abrigos tem que mudar totalmente. É preciso trabalhar firme o tratamento para dependência e o atendimento psicológico;, destacou Ferreira. ;O morador de rua está com o psicológico destruído. Há muitas crianças que eram espancadas pelos pais, outras estupradas, abandonadas, além das que roubam para levar dinheiro para casa. A cabeça dessas pessoas fica ;baratinada; e, ao deparar, com as drogas, fica complicado.;

As declarações de Ferreira fazem parte do objetivo de incentivar a participação dos usuários do sistema de assistência social na consolidação e avaliação dessas políticas, um dos objetivos do conferência municipal, que reunirá até amanhã (9/7) cerca de 550 pessoas, entre usuários, gestores, especialistas, além de organizações não governamentais (ONGs).

De acordo com a presidente do Conselho Municipal de Assistência Social, Danielle Reis, a participação dos usuários é fundamental para implementar uma rede de assistência de qualidade. Ela informou sobre um levantamento, realizado em dez regiões do Rio, antes da conferência, que aponta, por exemplo, a falta de informação como um dos problemas.

;Queremos que o usuário da política não seja tutelado. Ele deve ser protagonista na construção das medidas que o atenda, junto com os trabalhadores e com o governo. Os usuários são os beneficiados, eles têm que ter conhecimento sobre seus direitos;, reforçou.

O secretário municipal de Assistência Social, Fernando William, também destacou a necessidade de incluir os usuários, e não apenas especialistas e gestores, nos debates. Ao falar sobre o problema do uso de crack (droga ilegal obtida pela mistura de cocaína e bicarbonato de sódio ou amônia) por crianças cada vez mais jovens, no Rio, chamou a sociedade para entrar no debate. ;Muitas pessoas querem sair dessas condições, mas vão para onde, sem emprego, sem casa, sem nada?;.

William também culpou a falta de integração entre os governos, nos últimos anos, pela deficiência da rede de assistência, na capital fluminense. Ele reconheceu que a área ainda precisa de recursos, mas ressaltou que a prefeitura trabalha para ampliar os serviços. ;Estamos iniciando um governo e as coisas começam a mudar;.

A secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Arlete Sampaio, que participou da abertura, disse que o governo federal pretende oferecer ajuda aos municípios por meio de um projeto de combate ao abuso de crack, articulado com vários setores do governo. Segundo ela, o consumo da droga tem provocado inúmeras vítimas em diversas cidades do país.

;Estamos ainda definindo as cidades que vão ser pilotos do projeto voltado para o acolhimento dessas crianças e adolescentes, para que possamos reconstruir seus vínculos familiares e comunitários e oferecer oportunidades de estudar, de participar de atividades culturais e esportivas, por exemplo;, afirmou Arlete.

A conferência municipal é uma das etapas obrigatórias para a participação na Conferência Nacional de Assistência Social, que será realizada em Brasília, no final do ano. O encontro, que ocorre a cada três anos, terá como tema a Participação e Controle Social no Sistema Único de Assistência Social.