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Professores e funcionários da USP encerram greve de 57 dias

Depois de uma greve que durou 57 dias, professores e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) voltaram a trabalhar hoje (1;/7). Por uma diferença de três votos, os estudantes decidiram, no entanto, continuar com a greve.

Segundo um dos representantes do Diretório Central dos Estudantes da USP, Gabriel Casoni, 150 alunos votaram pela continuidade da greve e 147 foram contra. ;A maioria decidiu continuar, por considerar que não tínhamos conquistado as reivindicações necessárias;, disse Casoni. Nas próximas semanas, os cursos devem realizar assembleias separadamente e, no dia 14 deste mês, haverá assembleia geral pata decidir os rumos da paralisação.

De acordo com nota da Associação dos Docentes da USP (Adusp), na assembleia de ontem (30/6), que decidiu o fim da paralisação, os professores aprovaram uma agenda de mobilização para o segundo semestre, incluindo eleições para reitor e suspensão de processos contra funcionários e estudantes. Eles pretendem também manter a oposição ao projeto de educação a distância da USP (Univesp) e a luta contra a reforma da carreira de docente, aprovada pelo Conselho Universitário. Os professores devem ainda retomar as reivindicações salariais no segundo semestre e repor as aulas que não foram dadas no período da greve.

Comunicado emitido pela reitoria da USP afirma que o fim da paralisação é resultado de acordo entre as comissões de negociação da reitoria e de greve dos servidores técnicos e administrativos da universidade. O acordo, diz a nota da reitoria, atende à pauta específica de reivindicações dos funcionários, com ;reajuste nos benefícios oferecidos pela instituição, criação do auxílio-educação especial, destinado a portadores de necessidades especiais", e criação de uma comissão de representantes da reitoria e dos servidores para tratar de temas relacionados à área de saúde.

Esse acordo prevê a reposição dos dias parados por meio de trabalho-atividade, sem que os dias sejam descontados. Os funcionários tiveram aumento de 6,05%, mesmo valor negociado em maio. Segundo a reitoria da USP, o aumento pedido pelos grevistas era inviável, porque comprometeria mais de 90% do orçamento das três universidades federais paulistas, o que impediria investimentos em outras áreas. Atualmente a folha de pagamento representa mais de 80% do orçamento.

O diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Aníbal Cavali, disse que os funcionários optaram pelo fim da greve por acreditarem que o movimento já não tinha a mesma participação e por considerarem que parte das reivindicações foi atendida. Segundo ele, a reitoria concordou em elaborar novo plano de cargos e salários, com a participação dos funcionários no processo, já que o que foi feito pela reitoria não atendia aos interesses dos trabalhadores, que pediam alteração na nomenclatura de algumas funções e que não fossem punidos os que participaram da greve.

;Além disso, tivemos aumento de 15% no vale-refeição, 25% no vale-alimentação, aumento no auxílio-creche e o auxílio-educação especial;, acrescentou Cavali.

Os funcionários pediam reajuste de 16% e a readmissão de um sindicalista demitido por justa causa, o que depende de decisão da Justiça.