Como em outras partes da periferia paulistana, em Cidade Tiradentes o baile funk e a sinuca no boteco costumam atrair milhares de jovens sem opções baratas de lazer. Nas noites de sexta-feira, ruas do bairro, como a Cristiano Lobbe e a Metalúrgicos, eram fechadas para o "batidão" que varava a madrugada. "Tinha muita menina de 14 anos cheirando cocaína no meio do povão, coisa chocante. Ninguém conseguia dormir. A população começou a se revoltar também e algo precisava ser feito, várias ruas ficavam obstruídas até a manhã do dia seguinte", conta o subprefeito Renato Barreiros
Há quatro meses, com o apoio de associações de moradores e da Força Tática da PM, foi montada no distrito do extremo da zona leste uma operação batizada de "Patrulha do Silêncio". No total, 24 bares foram emparedados e os bailes funks no meio das ruas acabaram. "Mesmo com o acompanhamento da polícia, é difícil", disse o subprefeito, ao apontar o vidro do carro oficial quebrado por uma pedrada. "Tentaram atirar essa pedra na gente quando tentávamos reabrir uma rua fechada para um sambão. Por isso tem de ter a Força Tática sempre junto." No lugar dos bailes, a Subprefeitura de Cidade Tiradentes passou a organizar festivais de funk durante o dia, nos fins de semana. Até um CD com os principais funkeiros do bairro foi gravado com o patrocínio do governo municipal. "Só não pode letra com apologia às drogas. Mas acho o funk parte da cultura local", afirma Barreiros, que mora em Moema e há dois anos "viaja" 80 quilômetros todos os dias para ir ao local de trabalho e voltar.
A iniciativa do subprefeito divide a população e os comerciantes do distrito, onde moram cerca de 270 mil pessoas em 40 mil unidades habitacionais populares, num espaço de apenas 15 quilômetros quadrados. Os jovens reclamam que agora são obrigados a ir para os bailes em Itaquera e Guaianases. Os bares são obrigados a fechar as portas a partir da 1 hora. O comerciante Alvaro Marcos Moreira, de 43 anos, acha preconceito a operação fecha-bar no bairro. "Qual é o problema em jogar um baralhinho até mais tarde? Só porque somos pobres de conjunto habitacional? Eu não voto mais no Kassab." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.