Jornal Correio Braziliense

Brasil

Fiocruz quer fazer vacina para gripe com técnica nova

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) querem utilizar culturas de células animais para produzir vacinas contra qualquer tipo de gripe. A nova técnica, que prescinde dos ovos, aceleraria a produção da vacina durante uma pandemia. A indústria farmacêutica Novartis, por exemplo, anunciou para setembro o lançamento de uma vacina específica contra a gripe suína produzida em culturas de células. Os primeiros testes clínicos com a nova vacina brasileira podem levar, no mínimo, dois ou três anos para começar. Até lá, o Centro de Pesquisas René Rachou, em Belo Horizonte, e o laboratório público Bio-Manguinhos, no Rio, ligados à Fiocruz, pretendem estabelecer a tecnologia para iniciar a produção. Até o fim do ano, o País, por meio do Instituto Butantã, pretende fabricar doses de vacina usando ovos de galinha. Segundo o gerente do Programa de Desenvolvimento de Vacinas Virais de Bio-Manguinhos, Marcos Freire, não há intenção de competir com o Butantã, que deve suprir a demanda do esforço nacional de imunização contra a gripe. "Em um primeiro momento, queremos apenas desenvolver a técnica no País", explica Freire. "Seria usada em situações emergenciais: se houvesse uma nova pandemia, poderíamos produzir rápido uma vacina". Se o protocolo estiver bem descrito, o pesquisador aposta que seria possível adaptar, em regime de urgência, fábricas usadas para a produção de outros biofármacos. A ideia de unir esforços para produzir uma vacina com culturas de células surgiu com o surto de gripe aviária em 2005. Nos últimos meses, ganhou força com a pandemia de gripe suína. O Ministério da Saúde afirmou à reportagem que pretende apoiar o projeto por considerá-lo estratégico. Espera apenas um detalhamento.