Jornal Correio Braziliense

Brasil

Empresas em São Paulo barram projeto com árvores grandes

O projeto de arborização de todos os municípios paulistas, elaborado pela Secretaria do Estado Meio Ambiente, tem como obstáculo a política urbanística de companhias elétricas que atuam no Estado. Enquanto a secretaria quer plantar árvores de grande porte, as empresas recomendam as de pequeno e médio portes. A justificativa é que as árvores altas ameaçam os fios de transmissão de energia, além de ter raízes que podem danificar calçadas e estruturas subterrâneas, como redes de distribuição de água e coleta de esgoto. Para a secretaria, espécies pequenas não fornecem serviços ambientais, como melhoria na qualidade do ar. "O que se recomenda é arbustização, que não tem função, não sombreia, não serve para nada", diz José Walter Figueiredo, gerente executivo do projeto Municípios Verdes. Segundo ele, a arborização pode juntar serviço ambiental e fornecimento de energia elétrica de qualidade para os consumidores. Uma maneira, afirma, é compactar os fios, tecnologia que reduz a área livre necessária perto dos cabos. Para o agrônomo Demóstenes Ferreira da Silva Filho, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, "árvore de pequeno porte é arbusto e não traz benefícios". Segundo ele, essas espécies são usadas porque as empresas usam uma tecnologia centenária. O gerente de meio ambiente da CPFL Energia, Rodolfo Nardez Sirol, diz que a compactação dos fios pode ser feita em novos empreendimentos, mas que expandir a iniciativa para toda a rede instalada traria um custo proibitivo - não especificado por ele. Além disso, a tecnologia "não resolve 100% dos problemas". A distribuição subterrânea, outra forma de resolver a questão é dez vezes mais cara e o custo seria repassado ao consumidor. As árvores são uma das principais causas de interrupção de fornecimento de energia, principalmente quando chove, afirmam as empresas. Em nota, a AES Eletropaulo diz que "a utilização de rede compacta não elimina a necessidade de adequação do modelo arquitetônico natural das árvores, ou seja, a poda de árvores sempre será uma atividade necessária". Diz ainda que a poda de condução "pode representar um alto custo para as prefeituras".