Cerca de 50 índios das etnias karajá e canela ocupam desde a noite de ontem a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) em São Félix do Araguaia, a 1.200 km de Cuiabá. Eles protestam contra a terceirização das ações de atendimento a indígenas e contra o fim dos convênios com as organizações indígenas. Apesar da ocupação ser pacífica, segundo as lideranças, todos os servidores deixaram o prédio e os serviços estão suspensos.
Um dos líderes da ocupação, João Werreria Karajá, disse que os índios estão preocupados com a licitação para selecionar a organização que cuidará de todo o atendimento indígena na região de São Félix do Araguaia a partir de julho. O distrito indígena de São Félix do Araguaia atende a 23 aldeias dos povos das etnias karajá, canela e tapirapé, num total de sete mil índios dos Estados do Mato Grosso, Tocantins e Goiás. Outra liderança, o Samuel Yriwana Karajá, disse que o movimento está claro sobre seus objetivos. "Nós só queremos que as organizações indígenas façam o atendimento aos povos indígenas".
De acordo com Samuel Karajá, é preciso que a Fundação Nacional da Saúde (Funasa) faça acordo com essas organizações que são formadas por índios que conhecem suas realidades e a região. Segundo as lideranças, a Funasa realizava convênios com as organizações não governamentais indígenas que recebiam recurso do órgão federal e cuidava do atendimento em todas áreas desde a saúde até a alimentação. Nos últimos anos estas organizações teriam ficado de fora.
Samuel afirmou que até as 16h de hoje eles não tinham recebido nenhum contato com o Departamento de Saúde Indígena da Funasa de Brasília. "São eles que devem explicar o que tá acontecendo e o que pretendem porque até agora não sabemos que empresa é essa que eles estão querendo colocar para atender os índios dessa região", destacou João Karajá.