A maioria dos estabelecimentos comerciais e outros tipos de negócios nas comunidades dos complexos do Alemão e de Manguinhos na zona norte do Rio de Janeiro, funciona na informalidade, e os proprietários declararam que não sentem necessidade de legalizar suas empresas ou por falta de capital ou pela burocracia.
Nos dois complexos, as mulheres estão frente da maior parte dos negócios e os bares são maioria, seguidos pelas empresas de alimentos, salão de beleza, confecção e transporte de passageiros. Também nas comunidades dos dois complexos, os donos dos negócios pagam seus fornecedores vista.
Os dados divulgados neste fim de semana são de um censo empresarial coordenado pelo vice-governador e secretário de Obras do estado, Luiz Fernando Pezão, em favelas que estão recebendo obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Na Rocinha, em São Conrado, o censo ainda está em fase de conclusão.
De acordo com Pezão, a partir dos resultados do censo, o governo do estado vai articular com a prefeitura do Rio um pacote de incentivo formalização de empresas nas comunidades beneficiadas pelo PAC. A idéia, conforme explicou, é diminuir a burocracia e atrair outros empreendimentos, além de promover cursos de capacitação profissional.
O levantamento mostra que no Complexo do Alemão, que reúne 17 comunidades com mais de 85 mil moradores, existem 5.186 empresas ou empreendedores, sendo 92,3% informais. Além da falta de capital e da burocracia, os proprietários apontam a carga tributária como impedimento para a legalização.
Eles disseram que a caderneta de poupança foi o investimento inicial para abrir a empresa. Para 64,5% dos entrevistados, o negócio está estável e 23,5% responderam que as vendas estão crescendo. No caso da necessidade de empréstimo, eles recorrem primeiro família, depois aos amigos e, por último, aos bancos.
Para 39,1% dos donos de estabelecimentos nas favelas do Complexo do Alemão, a principal dificuldade para a captação de recursos é a comprovação de renda.
No Complexo de Manguinhos, onde há 18 comunidades e mais de 31 mil moradores, o censo identificou 2.942 empresas, das quais 93 5% não são legalizadas. Dos proprietários entrevistados, 64% avaliaram seu negócio como estável e 30% disseram que está crescendo. Para abrir o negócio, a maioria pegou empréstimo com amigos ou familiares. Em relação aos entraves ao crédito, 61% disseram que nunca tentaram ou nunca utilizaram.