CURITIBA - A reconstituição oficial do acidente causado pelo ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (PSB) que matou dois jovens está agendada para as 22h da próxima segunda-feira (22/6). Um laudo oficial deverá ser emitido após a simulação e anexado no inquérito.
Segundo o delegado titular da Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), Armando Braga de Moraes Neto, que comanda a investigação criminal, a simulação é um dos últimos passos antes da polícia passar os dados ao Ministério Público. Os promotores de justiça Marcelo Bauzer Correia, da Vara de Inquéritos Policiais, e Danuza Nadal, da 2.ª Vara de Delitos de Trânsito, passaram a atuar no caso depois que Carli Filho renunciou ao mandato parlamentar e perdeu o direito a foro privilegiado.
%u201CO objetivo (da reconstituição) é estabelecer com precisão o que houve, para evitar qualquer tipo de contestação%u201D, disse Braga.
Para o delegado, o laudo deverá esclarecer pelo menos cinco pontos: onde exatamente os carros colidiram; onde o veículo do deputado decolou; se Gilmar Yared tinha visão do carro do deputado; se o ex-deputado tinha visão do carro onde estavam os dois jovens; e qual era a velocidade que o ex-parlamentar trafegava.
Um laudo de uma empresa contratada pela família de uma das vítimas deu conta de que o veículo do deputado se deslocava a 191,52 quilômetros por hora. A empresa fez o cálculo a partir da distância percorrida diante de uma câmera de segurança pelo tempo de filmagem. Para o delegado Braga, a perícia oficial deve responder a todas as questões pertinentes ao caso.
O violento acidente aconteceu na madrugada do dia 7 de maio. O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos, morreram no local. À polícia, Carli Filho disse não lembrar de nada do acidente.
O acidente ganhou repercussão nacional com a revelação de que Carli Filho tinha 130 ponto na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso resultou na primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.
Depois da colisão, o governo do estado anunciou que passaria a "caçar" os motoristas não devolvessem carteiras de habilitação suspensa 48 horas depois de serem notificados. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que poderia inclusive prender sob flagrante de crime de desacato quem não devolvesse o documento. Nesse universo em situação irregular, 26 deputados estaduais já receberam notificação de suspensão de carteira.Uma lista de motoristas com carteira suspensa que não fizeram a entregara no Detran-PR divulgada pelo governo do estado apontou ainda três dos 30 deputados federais paranaenses e o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento.