O exame dos corpos recolhidos no Atlântico pode dar pistas sobre a tragédia com o Airbus da Air France que caiu no mar com 228 pessoas a bordo, destacaram especialistas brasileiros.
Dez dias após a tragédia, 41 corpos já foram recolhidos no mar e serão periciados em Recife, podendo trazer respostas a uma série de questões.
Em Fernando de Noronha, para onde os corpos são levados antes de chegar a Recife, técnicos realizam um exame preliminar, tiram impressões digitais (quando possível) e retiram material para testes genéticos.
No Recife, ocorrerão as autópsias, a conclusão das identificações e os exames de DNA com amostras de parentes das vítimas, disse à AFP um legista, que pediu para não ser identificado.
"A identificação visual é relativa. Há muita comoção, o que torna o processo subjetivo. Não utilizamos", destacou a fonte.
Objetos como anéis e relógios não servem muito, são apenas "devolvidos aos familiares". "Não usamos mais isto para identificação, tudo é feito por métodos científicos".
Havendo impressão digital, é possível se fazer a identificação a partir da lista de passageiros da Air France e da solicitação dos registros de identidade.
Sem as impressões digitais ou arcadas dentárias, os especialistas se concentrarão nos exames de DNA, mas este processo é mais demorado, destacou a fonte.
"Todo o processo de identificação não tem prazo para terminar, mas é provável que leve meses. Não será um processo rápido".
"Se a autópsia revelar morte por afogamento, por exemplo, será possível especular que o avião tentou pousar e afundou, e que não houve impacto muito violento", destacou o especialista.
"Será necessária uma análise cuidadosa dos corpos, incluindo se há evidências de queimaduras, por exemplo".
Segundo Milton Steidman, médico legista em São Paulo, a autópsia "será importante para reconstruir o acidente e tratar de entender o que ocorreu com os corpos".
Se houve fogo existirão vestígios nos pulmões e na hipótese de uma despressurização e desmembramento da fuselagem, haverá traumatismos cranianos e toráxicos, além de rompimentos da aorta, destacou Steidman.
"É difícil saber" se as vítimas sofreram, mas na altitude em que voava o aparelho, se ocorre um rompimento da fuselagem, todos perdem a consciência em 15 segundos e há hipotermia assim que o corpo é exposto a temperaturas de até 60 graus negativos.