Uma tela do pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi (1896-1988), roubada há mais de sete anos da residência de um colecionador em São Paulo, foi recuperada pelo Ministério Público Estadual (MPE). O quadro Vaso de Flor, datado do fim dos anos 30, estava exposto em uma galeria de arte da região dos Jardins, zona oeste da capital, e seria levado a leilão na noite de ontem por um valor entre R$ 60 mil e R$ 80 mil.
Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) determinaram a reabertura das investigações para tentar chegar aos assaltantes. O crime aconteceu na manhã de 2 de março de 2002, um sábado.
Vestidos como funcionários da concessionária de energia Eletropaulo, três homens se apresentaram ao porteiro do edifício e pediram para inspecionar o quadro de força na garagem. Minutos depois, alegaram que seria preciso ir ao apartamento no 5º andar. Ao chegarem, os bandidos sacaram suas armas e anunciaram o assalto.
O porteiro, o dono do apartamento e a namorada dele foram rendidos e permaneceram reféns por três horas. Os criminosos queriam saber a localização de um cofre, mas as vítimas insistiram que não possuíam cofre, joias ou dinheiro.
O trio passou a agredi-los e a rasgar algumas das telas penduradas nas paredes. Então, uma das vítimas disse que os quadros tinham um bom valor no mercado. Os ladrões fugiram levando dois celulares e outros sete quadros, entre eles dois de Alfredo Volpi e dois de um artista peruano, pintados no século 18. As investigações se arrastaram por três anos, até serem arquivadas, em 4 de março de 2005, por insuficiência de provas.
No final do mês passado, o próprio colecionador acabou localizando uma das obras roubadas e avisou os promotores do Gaeco. Por ordem da Justiça, a tela foi apreendida sem que o dono da galeria sequer soubesse do motivo.
;O dono da galeria me ligou bravo, perguntando por que eu não procurei ele antes. Bem, decidi chamar a polícia primeiro porque não fui vítima de um roubo qualquer, não foi um acidente. Fui vítima de um assalto violentíssimo, me torturaram, ;vandalizaram; 14 telas da minha casa. É preciso saber como o quadro foi parar lá;, argumentou o colecionador.