Pelo menos dois aviões Airbus da Air France já sofreram falhas nos sensores que medem a velocidade da aeronave, os tubos de pitot, responsáveis por orientar o sistema eletrônico de navegação. Os incidentes, cuja data exata é desconhecida, ocorreram há no máximo 11 anos e foram registrados em voos para Tóquio, no Japão, e Nova York, nos Estados Unidos, em aviões A340 - similares ao aparelho que realizava o voo AF 447 entre o Rio de Janeiro e Paris. A eventual falha dos sensores de velocidade está no centro da investigação do desastre sobre o Oceano Atlântico.
Os dois incidentes foram relatados por tripulações da Air France em Air Safety Reports (ASR), o documento que registra o relatório de eventos anormais em voos comerciais. O Estado não teve acesso às datas nas quais os incidentes aconteceram. O primeiro diz respeito a um Airbus A340, de matrícula F-GLZL, posto em serviço em 1998, que fazia a rota entre Tóquio e Paris. De acordo com o ASR, o avião sofreu ;perda de indicações anemométricas;, causando queda brusca de altitude. No painel do piloto, um alarme com as inscrições NAV ISA Discrepancy foi acionado, indicando a divergência dos sensores de velocidade.
A falha causou a desconexão do piloto automático e panes no sistema Fly by Wire e Air Data Inertial Reference Unit (Adiru) - a exemplo do que aconteceu com o voo AF447. Para contornar a falha, a tripulação ativou o sistema de descongelamento dos pitots, que até então estava em posição automática. Com a medida os indicadores de velocidade progressivamente retomaram a coerência nas aferições, possibilitando à tripulação seguir voo até seu destino.