Os primeiros elementos da investigação francesa sobre o acidente do voo Air France Rio-Paris colocam em evidência problemas relacionados às velocidades do avião, mas os destroços ainda não foram encontrados, quatro dias após seu desaparecimento com 228 pessoas a bordo.
A investigação estabeleceu "a partir da análise das mensagens automáticas transmitidas pelo avião, a incoerência das diferentes velocidades medidas" pelo Airbus A 330, anunciou nesta sexta-feira (5/6) o Escritório de investigações e análises (BEA), em um comunicado.
O avião possui diferentes calculadoras para medir a velocidade e observou-se que havia uma incoerência entre estas velocidades medidas, explicou uma porta-voz do BEA.
O A330 havia transmitido uma série de mensagens automáticas de manutenção, anunciando diferentes panes de sistemas.
A investigação confirmou também "a presença na proximidade da rota prevista do avião sobre o Atlântico, fenômenos climáticos das regiões equatoriais".
"Convém evitar qualquer interpretação precipitada ou especulação com base nas informações parciais não validadas", escreveu o Escritório, encarregado da investigação técnica da catástrofe.
As causas da catástrofe se tornaram ainda mais misteriosas quando os destroços encontrados na terça-feira (2/6) pela força aérea brasileira no Atlântico não pertencem ao A 330, contrariamente ao que havia sido anunciado inicialmente pelas autoridades brasileiras e francesas.
"Até agora, nenhuma peça do avião não foi recuperada", declarou nesta quinta-feira o diretor do departamento de controle do espaço aéreo brasileiro, Ramon Cardoso.
Algumas horas antes, ele havia anunciado que a Marinha havia recuperado uma peça do bagageiro da aeronave.
Mas ele finalmente explicou que esta peça "era de madeira" e que não há peças de madeira neste avião da Air France.
O general Cardoso afirmou ainda que o óleo descoberto na superfície do mar era de um "navio, não de um avião, porque não era querosene".
O oficial destacou que a Marinha deve recuperar todos os destroços encontrados para análise.
Segundo ele, todos os restos coletados serão transportados para Recife, onde está instalado o centro de comando das buscas, e somente em seguida descartados se comprado que eles não fazem parte do Airbus.
"É uma má notícia, porque preferiríamos que fosse do avião e que tivéssemos informações", reagiu o secretário de Estado francês dos Transportes Dominique Bussereau. "O tempo está jogando contra nós, e temos que fazer tudo para recuperar os registradores de voo e então ampliar a zona para continuar as buscas", destacou.
Pelo quinto dia consecutivo, uma flora de aviões e navios deve então manter as buscas. Por isso, as famílias das vítimas querem ir à zona de buscas. "Queremos ir ver como avançam as operações de investigação, como estão sendo feitas as buscas, é importante para nós poder ver isso", explicou em nome das famílias Nelson Farias Marinho, após ter encontrado em um hotel do Rio o ministro francês dos Assuntos Estrangeiros Bernard Kouchner.
Kouchner, que esteve no Rio por poucas horas para manifestar sua solidariedade às famílias endividadas, afirmou que é preciso tempo para conhecer as causas da catástrofe.
Interrogado sobre a possibilidade de um atentado, o ministro garantiu que os especialistas não encontraram nenhum sinal para comprovar esta hipótese. "Mas não a descartou", acrescentou.