O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (SNEA), sediado em frente ao Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, se dispôs nesta terça-feira (2/6) a colaborar com a Aeronáutica e com a companhia aérea Air France oferecendo suporte técnico s investigações das causas do acidente com o Airbus A330, que desapareceu na madrugada de segunda-feira (1/6) quando sobrevoava o oceano Atlântico.
A afirmação é do diretor técnico e coordenador da área de segurança do SNEA, Ronaldo Jenkins. Com 38 anos de experiência, Jenkins é o mais antigo investigador de acidentes aéreos em atuação no país. Ele, no entanto, não arriscou nenhuma teoria sobre a queda do avião.
Por enquanto, as possíveis causas dependem da imaginação de quem investiga. Se o sujeito tem muita imaginação, poderá ter mais palpites. Se não, terá menos. Acompanhamos o trabalho de resgate dos destroços e recuperação da caixa-preta, não temos no sindicato nenhuma informação privilegiada, nem vamos arriscar palpites.
Segundo Jenkins, este foi o primeiro acidente nesta rota desde o início da era dos jatos, em 1960 - em 1973, um avião da Varig, depois de sair do Rio, partiu-se ao aterrissar na França, no Aeroporto de Orly - o que torna a investigação mais relevante para a aviação civil mundial, na sua avaliação.
O especialista ressaltou que é importante, agora, encontrar a caixa-preta, que prefere chamar de gravador de voz. Ele, no entanto, não acredita que, nela, se encontrem as razões do acidente.
O gravador de voz ajuda na análise de uma série de fatores, mas só revela como a tripulação entendeu a situação que estava vivendo, explicou. Ela [a tripulação] é treinada a enfrentar problemas em simuladores e está preparada para as eventualidades durante o voo. Neste caso, penso que a situação foi muito drástica e rápida, a tripulação não deve ter tido tempo para reagir.
Na opinião de Jenkins, uma possível pane parcial do sistema elétrico, raios e turbulências não seriam, isoladamente, suficientes para derrubar o Airbus. A chamada zona de convergência tropical sempre existiu próximo linha do equador. Nesta época do ano, deveria estar mais acima, no Hemisfério Norte, mas não pode ter causado o acidente. Raio não pega avião, passa por ele, porque avião no ar obviamente não faz o ponto terra que a descarga do raio procura. E a pane elétrica, se aconteceu, foi entre a aeronave e os computadores da empresa que monitoram a situação de voo.
Sem arriscar fazer qualquer especulação sobre a possibilidade de haver sobreviventes, Jenkins disse que, se houver, "vamos achá-lo e ouvir o que aconteceu.
Nesta terça-feira (2/6), surgiu mais uma história de alguém que deixou de embarcar no voo AF447, da Air France. A publicitária Vera Marci Cano, que deveria ter embarcado no domingo (31) para Paris, seguiu na segunda-feira (1/6) à tarde para a capital francesa. Segundo ela, não foi uma questão de pressentimento. Vera disse que estava em Porto Alegre e decidiu passar a noite ali antes de embarcar para o Rio de Janeiro e seguir para o exterior. Não sei o motivo, mas resolvi ficar em Porto Alegre no domingo. Não foi nenhum aviso. Senti isso como uma coisa normal. Às vezes, faço isso. Marco um voo e depois desmarco, gosto até de marcar na última hora, relatou. A publicitária ficará dois meses em Paris, trabalhando e estudando.