O governador do Piauí, Wellington Dias, informou hoje (2) à Agência Brasil que a energia já foi restabelecida nas localidades afetadas pelo rompimento da barragem de Algodões 1, ocorrida no dia 27 de maio. Na reunião que terá à tarde com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e com a secretária nacional de Defesa Civil, Ivone Maria Valente, Dias apresentará o projeto elaborado em conjunto com as comissões de defesa civil locais.
O projeto prevê obras de habitação e restauração de estradas, pontes e escolas, além dos reparos de danos pessoais. ;Queremos encontrar um mecanismo legal para que as pessoas possam comprar roupas, móveis, material de cozinha, eletrodomésticos e demais coisas que foram levadas pela água;, antecipou o governador.
A meta, segundo ele, é que a aprovação desse projeto saia ainda nesta semana para que, a partir da próxima, o governo estadual já conte com a participação do governo federal. ;Mas o estado vem liberando recursos para todas as atividades necessárias, de forma independente desse plano de trabalho;, completou.
Wellington Dias informou, que desde a noite de ontem (1º), a energia foi restabelecida. ;Também restabelecemos o sistema bancário, porque estava faltando dinheiro na região, e o fornecimento de alimento para todas as comunidades afetadas;, disse.
A tragédia prejudicou também as atividades econômicas da região. ;Não há ainda um cálculo econômico do prejuízo, mas ele foi muito grande. Muitos animais foram mortos, tanto bovinos quanto ovinos e caprinos.;
A atividade agrícola também foi prejudicada, principalmente a produção de feijão, milho, mandioca e frutas. ;Além disso, o comércio de alguns povoados teve suas mercadorias completamente destruídas, e a BR-343, que liga Teresina a Parnaíba, foi danificada;, disse o governador.
;Estamos apresentando ao governo federal uma proposta da ordem de R$ 35 milhões para essa intervenção de apoio. O valor é apenas a parte que afeta diretamente as famílias atingidas, não incluindo o gasto com obras de barragens.;
Segundo Wellington Dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu uma suplementação ao plano de trabalho apresentado, de cerca de R$ 90 milhões. ;Estamos apresentando um plano de trabalho de R$ 125 milhões, complementando as áreas afetadas de Algodões 2 e a que vai de Buriti dos Lopes em direção a Parnaíba.;
De acordo o governador, 1.050 famílias foram de alguma forma afetadas. Destas, 472 tiveram suas casas destruídas. ;Detectamos também outras famílias que ainda estão situadas em áreas de risco e pretendemos retirá-las no mais curto espaço de tempo possível;.
Doze equipes da área psicossocial estão fazendo acompanhamento, especialmente nas 23 comunidades mais afetadas. ;Queremos garantir isso por um longo período, bem como assegurar proteção às pessoas que perderam as lavouras e tiveram prejuízo com as atividades comerciais;.
O governo do estado também está identificando famílias voluntárias, dispostas a acolher desabrigados, na iniciativa que recebeu o nome de Família Acolhedora. "Estamos identificando também edificações com condições de receber as vítimas e, assim, desocuparmos as escolas para retomar as aulas;, explicou o governador. Segundo ele, muitas escolas estão paralisadas há quase 40 dias.
Sete óbitos foram confirmados e duas meninas ainda estão desaparecidas. ;São duas irmãs. Já identificamos o local do desaparecimento e estamos investigando uma área de aproximadamente 80 quilômetros, que vai da barragem de Algodões 2 até o local onde o Rio Pirangi deságua, no Rio Parnaíba.;
Dias informou que foi criada uma equipe técnica para avaliar as responsabilidades pelo acidente. ;Após a ocorrência, nomeei uma comissão que será presidida tecnicamente pela engenheira Vanda Costa, com a participação do Crea [Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura] e de um conjunto de outras entidades dos setores público e privado para saber objetivamente o que realmente aconteceu e colher todos os dados e informações e, a partir daí, tirar conclusões e encaminhamentos.;
Para ele, não se deve fazer qualquer prejulgamento. "Precisamos ter paciência e aguardar o resultado desse levantamento antes de tomar qualquer decisão sobre o que aconteceu;, completou.