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Lançado há 13 anos, A330-200 nunca havia se envolvido em acidentes graves

Para especialistas, aeronave é segura

Não faltam adjetivos e substantivos para qualificar o Airbus A330-200, considerado uma máquina de voar ultramoderna e extremamente segura. Lançada em novembro de 1995, em substituição ao modelo A300-600R e para fazer frente ao 767-300ER, da rival Boeing, a aeronave jamais havia se envolvido em acidentes de grandes proporções. O preço de US$ 181 milhões (cerca de R$ 360 milhões) traduz a alta tecnologia: mesmo fora da cobertura de radar, o avião é capaz de se comunicar de diferentes maneiras com a torre de controle. Sua estrutura física comporta múltiplos sistemas eletrônicos de controle de voo que administram os sistemas hidráulicos. Em entrevista ao Correio, o norte-americano William R. Voss, diretor do Comitê de Navegação Aérea da Organização Internacional de Aviação Civil (Icao, na sigla em inglês) e presidente da Flight Safety Foundation (FSF), explicou que os sistemas do Airbus A330-200 se comunicam entre si e se autorremovem do conjunto quando ocorre alguma falha. ;Em todas as aeronaves, há múltiplos sistemas elétricos e hidráulicos que podem operar de modo independente;, explica. ;Se há perda de potência em ambos motores, ou quando ocorre uma pane elétrica total, uma bateria continua fornecendo potência essencial para o voo;, acrescentou. De acordo com Voss, no caso de os dois motores CF6 da General Motores (GM) se desligarem, uma turbina Ram Air começa a injetar potência elétrica e hidráulica para os controles de voo. Todos os computadores de bordo e internos usam softwares e hardwares especiais ; desenvolvidos e testados seguindo os mais rigorosos padrões de segurança. ;No geral, tanto a Airbus como a Boeing são altamente dependentes dos sistemas eletrônicos;, resume. A própria fabricação do Airbus A330-200 é considerada o resultado de um processo de desenvolvimento e aprendizagem, uma espécie de aprimoramento dos antigos tipos de aeronaves. ;É um avião com vários sistemas de segurança e proteção, além de ser muito estável, durável e ter características de voo bastante simples;, afirmou à reportagem o também norte-americano William ;Bill; Waldock, perito em acidentes aéreos pela Universidade Aeronáutica Embry-Riddle, em Prescott (Arizona). Fly-by-wire Um exemplo do que o Airbus A330 permitiria a um piloto fazer, mesmo em circunstâncias adversas, ocorreu com o voo 236 da companhia canadense Air Transat, em 24 de agosto de 2001. ;O capitão Robert Piché conseguiu planar o avião por cerca de 70 milhas (112km), depois de perder combustível, e aterrissar nos Açores com todos os 293 passageiros e 12 tripulantes vivos;, lembrou Waldock. Na ocasião, Piché conseguiu pousar em segurança, mesmo a 370km/h ; em condições normais, um pouso neste tipo de aeronave é feito a cerca de 250 km/h. Até as 23h de ontem, a própria Air France já admitia que seriam reduzidas as chances de encontrar sobreviventes no voo AF-447.O Airbus A330-200, assim como todas as outras aeronaves modernas, utiliza o sistema fly-by-wire ou sistema de controle por cabo elétrico. De acordo com Waldock, o conceito integra o uso de computadores que fornecem as entradas de comando para o sistema de voo. ;O piloto move um controle, que ;diz; ao computador para fazer determinada tarefa. Isso torna a aeronave mais fácil de ser controlada, enquanto os sistemas estiverem funcionando;, acrescentou. Dennis Lessard, presidente da companhia Aviation Safety Associates e membro da Sociedade Internacional de Investigadores da Segurança Aérea (Isasi, na sigla em inglês), já acumulou 6 mil horas de voos em aviões comerciais e militares. Ele confirmou ao Correio que o Airbus mantém todos os sistemas integrados. ;O mais interessante é que todos os sistemas têm um backup, um componente reserva. Isso o torna tão seguro;, afirmou Lessard.