O campo de Tupi, descoberto na camada de pré-sal da Bacia de Santos, pode emitir até 3,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera, segundo cálculo feito por especialistas a pedido do jornal O Estado de S. Paulo. Mas, segundo estudo publicado neste mês na revista Nature, se o mundo quiser manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2°C, não poderá queimar mais do que um quarto das reservas já disponíveis de combustíveis fósseis (óleo, carvão e gás) até 2050. Esse é o limite de aquecimento global considerado minimamente ;seguro; pela comunidade científica.
;Temos petróleo demais, muito além do que podemos nos dar ao luxo de queimar;, disse o autor principal do estudo, o alemão Malte Meinshausen, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impactos Climáticos.
Os resultados adicionam outro grau de urgência à necessidade de substituir o uso de combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia, que não acrescentam carbono à atmosfera - tal como solar, eólica e biocombustíveis.
Nesse cenário de temperatura elevada e carbono em excesso, o entusiasmo com as descobertas de petróleo no pré-sal parece ir na contramão dos esforços nacional e internacional de combate ao aquecimento global.
As reservas do campo de Tupi são estimados pela Petrobras entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo. Se todo esse óleo for recuperado, transformado em combustível e queimado, isso resultará na emissão de, pelo menos, 2,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera.
Porém, os especialistas consultados foram unânimes em dizer que, apesar da preocupação climática, o País não pode abrir mão do petróleo do pré-sal
Essa emissão equivale, aproximadamente, ao que o Brasil emite hoje em um ano - incluindo as emissões do setor energético, de transportes, do desmatamento da Amazônia. No caso dos 8 bilhões de barris, esse volume aumentaria para 3,3 bilhões de toneladas de CO2.
Pelos números do inventário atual (de 1994), o Brasil emite por ano cerca de 1,5 bilhão de toneladas de CO2. As contas foram feitas pelos especialistas Roberto Schaeffer, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio (UFRJ), e Luiz Alberto Horta Nogueira, professor do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá. Procurada, a Petrobras não se manifestou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.